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Redações Corrigidas - Junho/2016 Estupro: como prevenir esse crime?

Manifestantes colam cartazes contra machismo e violência sexual no tapume que cerca obras no Masp, na avenida Paulista, região central de São Paulo. - Avener Prado/Folhapress
Manifestantes colam cartazes contra machismo e violência sexual no tapume que cerca obras no Masp, na avenida Paulista, região central de São Paulo. Imagem: Avener Prado/Folhapress

Antonio Carlos Olivieri, da Página 3 Pedagogia & Comunicação

01/06/2016 07h00

No mês de maio passado, a notícia de um estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro chocou o Brasil e o mundo, provocando as mais diversas manifestações de indignação. Independentemente da forma como ocorre, o estupro não é um problema exclusivamente brasileiro. Um caso coletivo ocorreu na Índia em 2012 e uma especialista norte-americana no tema já chamou esse tipo de violência contra a mulher de “epidemia social” nos Estados Unidos, o que talvez corresponda ao que esteja sendo chamado aqui de “cultura do estupro”. Sobre a existência da violência sexual contra a mulher ser um fato concreto e frequente estão todos de acordo. Já a sobre a maneira de lidar com o crime há bastante controvérsia. Há quem defenda a educação e a mudança da mentalidade machista, além da punição convencional dos culpados: a reclusão por tempo variável (mínimo de seis, máximo de 30 anos). Há quem vá além, propondo soluções mais radicais, como a castração química. Como você encara essa questão? Qual lhe parece o modo certo de lidar com o problema? Por quê? Não deixe de ler os textos da coletânea que podem ajudá-lo a refletir sobre o assunto.

  • Cultura do estupro - Entrevista Juliana de Faria

    Juliana de Faria é uma das fundadoras do coletivo feminista Think Olga, que ficou conhecido pelas campanhas contra o assédio sexual "Chega de fiu fiu" e "Meu primeiro assédio". Em entrevista ao jornal o "Estado de S. Paulo", ela defende que crimes extremos como o estupro coletivo de uma menina de 16 anos, ocorrido no Rio, começam com pequenos atos e comportamentos que legitimam a violência contra a mulher - a chamada "cultura do estupro".

    Para Juliana, as campanhas são fundamentais para combater essa "cultura", por mostrar que não há machismo inofensivo.

    Rotular a menina que sofreu estupro no Rio como "drogada", como foi visto nas redes sociais, é mais uma forma de violência?

    Certamente. A culpabilização da vítima é um aspecto central da "cultura do estupro". Esses apelos moralistas são uma forma de legitimar a violência. Sabemos que não importa quem é a vítima, ou o que ela faz: se ela foi estuprada, isso é um crime, e ponto final. Mas sempre há uma tendência a culpá-la.

    [UOL Notícias/Agência Estado]

  • Educação sexual - Entrevista Sharyn Potter, Universidade de New Hampshire

    A sra. já chamou de "epidemia social" a quantidade de estupros nos campi das universidades americanas, mas que ainda se debate a culpa do agressor.

    Uma em cada cinco universitárias já sofreu estupros ou tentativas de abuso sexual, mas ainda se discute se agressor e vítima não estariam ambos bêbados, se na hora de dançar, a vítima não "deu a entender" que queria dar mais intimidade ao agressor. Isso deixa milhões de mulheres e também muitos homens vulneráveis. Professores, colegas, parentes e amigos muitas vezes poderiam frear um possível abuso sexual, mas se omitem de alguma forma.

    O que precisaria mudar na educação sexual de adolescentes e jovens, no momento em que começam a paquerar e "conquistar" garotas?

    É muito tarde se deixarmos para educarmos os homens sobre o respeito às mulheres quando eles já são adolescentes ou jovens. Tarde demais. Você educa quando eles têm 4, 5, 6 anos. Ensina que meninos e meninas são iguais, que ambos precisam de respeito. Que em sociedade todos devemos nos respeitar e ajudar.

    Muitas escolas americanas ensinam as crianças desde pequenas a ajudar e salvar um coleguinha que tem alergia a amendoim. Aprendemos desde pequenos a chamar uma professora, um adulto, diante de uma reação alérgica. Por que não ensinar que, se uma menina está sendo importunada por um garoto, nós precisamos agir?

    [Folha de S. Paulo]

  • Castração química

    A castração química é uma forma temporária de castração ocasionada por medicamentos hormonais para reduzir a libido. Diferente da castração cirúrgica, quando os testículos e ovários são removidos através de incisão no corpo, castração química não castra a pessoa praticamente, e também não é uma forma de esterilização. É uma medida preventiva ou de punição àqueles que tenham cometido crimes sexuais violentos. A medida já é adotada em vários estados norte-americanos. Os criminosos podem se submeter a ela voluntariamente ou obrigatoriamente, em caso de reincidência. Na Grã-Bretanha, estupradores ou pedófilos que recusam a castração química devem permanecer na prisão. O método está sendo implantado na França e na Itália. Também tramita projeto de lei sobre a castração químina no Congresso Nacional brasileiro.

    [Wikipedia, adaptado]

  • Aval à tortura

    O estuprador quase nunca é condizente com o imaginário popular e pode ser representado na figura de qualquer pessoa adulta, até pessoas próximas (familiares, amigos, colegas de trabalho). Entender estupradores como pessoas com deficiência mental é jogar o problema em um balaio totalmente equivocado e separá-lo das grandes mazelas machistas que regem a sociedade moderna, como se qualquer estuprador que não fosse condizente com essa imagem fosse apenas uma pessoa acusada de forma errônea por uma vítima “claramente culpada” pela violência que sofre. Justamente por isso, devemos entender que a castração química não é saída para termos menos estupradores em circulação. O ato do estupro é uma decisão consciente do indivíduo que o pratica.

     

    O próprio Conselho Nacional de Medicina não indica a castração química como tratamento para controle de crimes sexuais. Segundo a recomendação, o medicamento utilizado para inibição da libido, o Depo-provera, deveria ser utilizado com uma aplicação ao mês, durante 90 dias, com o objetivo de apenas conter o desejo sexual exagerado, mas gerando como efeitos colaterais insônia, convulsões, depressão, tontura, dor de cabeça, nervosismo, sonolência, perda de cabelo, aumento de pêlos, cansaço, reações no local da injeção, febre, redução da tolerância à glicose, perda de cálcio dentre outros. Dessa forma, legalizar a castração química é, a rigor, dar o selo de aprovação do Estado e da sociedade para que a tortura possa ser aplicada a um cidadão, revogando seus direitos essenciais enquanto ser humano, independente de ser um infrator sexual ou não.

    [site Lado M]

  • Observações

    Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;

    Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;

    Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;

    A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;

    De preferência, dê um título à sua redação.

    Envie seu texto até 25 de junho de 2016.

    Confira as redações avaliadas a partir de 1 de julho de 2016.

    A redação deve ser enviada para o e-mail: bancoderedacoes@uol.com.br

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica foram aceitas até 2012.

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