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Albert Camus Escritor francês

7/11/1913, Mondovi, Argélia

4/1/1960, Paris, França

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

31/07/2005 16h33

"Não seria errado ler "O Estrangeiro" como a história de um homem que, sem nenhuma atitude heróica, aceita morrer pela verdade. Meursault para mim não é um perdido, mas um homem pobre e nu, apaixonado pelo sol que não faz sombra. Longe de ser privado de toda sensibilidade, uma paixão profunda, porque tenaz, o anima - a paixão do absoluto e da verdade."

Assim se expressou Albert Camus a respeito de sua obra "O Estrangeiro", numa entrevista de 1955. Tudo neste livro despertou paixões e polêmicas na época de sua publicação: seu autor, seus personagens e suas idéias. O existencialismo tinha se popularizado, transformando-se quase numa moda.

Albert Camus nasceu na Argélia, então colônia francesa, em 1913. Sua família tinha poucos recursos e seu pai morreu combatendo na Primeira Guerra Mundial. Em 1923, Camus entrou para o liceu e depois para a Universidade da Argélia. Em 1930 contraiu tuberculose, o que o afastou dos esportes (era goleiro) e diminuiu seu tempo de estudo na universidade.

Em 1934 ingressou no Partido Comunista Francês e casou-se com Simone Hie, de quem se divorciaria pouco tempo depois. No ano seguinte, licenciou-se em filosofia e fundou o "Teatro do Trabalho". Em 1936, apresentou uma tese sobre o filósofo grego Plotino e engajou-se no Partido do Povo da Argélia. De 1937 a 1940 escreveu para dois jornais socialistas.

Foi recusado no exército francês por causa de suas más condições de saúde. Em 1940, já morando em Paris, casou-se com Francine Faure e começou a trabalhar para a publicação "Paris-Soir". No ano seguinte mudou-se para Bordeaux, junto com a redação da revista.

Em 1942 publicou dois de seus livros mais importantes, o já mencionado "O Estrangeiro" e "O Mito de Sísifo". Segundo muitos críticos, a idéia do absurdo da existência humana, formulada nestas obras, foi a maior contribuição de Camus para a filosofia.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na França ocupada pelos alemães, Camus travou relações com o filósofo existencialista Jean Paul Sartre e engajou-se na Resistência francesa, escrevendo e depois tornando-se editor do jornal clandestino "Combat".

Em 1946, Camus viajou aos Estados Unidos, proferindo palestras sobre o existencialismo, para estudantes em Nova Iorque. Publicou "A Peste", no ano seguinte. O romance é uma alegoria da ocupação alemã e da condição humana (foi traduzido para o português pelo escritor Graciliano Ramos).

Entre 1949 e 1951, Camus viveu recluso, enfraquecido por causa de uma nova recaída da tuberculose. Em 1951 publicou "O Homem Revoltado", em que faz uma análise da idéia de rebelião e revolução, rejeitando o comunismo. Essas idéias foram perturbadoras, em meio a uma intelectualidade francesa comprometida com o marxismo, e provocaram sua ruptura com Sartre.

De 1955 a 56, trabalhou no semanário L'Express. Em 1957, recebeu a maior honraria literária em reconhecimento à sua obra: o Prêmio Nobel de Literatura. Morreu três anos depois, vítima de um acidente automobilístico. Deixou dois filhos gêmeos, Catherine e Jean.