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Hipócrates Médico grego

c. 460 a.C., Ilha de Cós (antiga Grécia, atual Turquia)

entre 375 e 351 a.C., Larissa, Tessália (Grécia)

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

21/10/2009 01h08

O pouco que sabemos da vida de Hipócrates de Cós encontra-se na biografia escrita por Sorano de Éfeso, o Antigo, cirurgião e ginecologista do século 2 d.C. Até mesmo sua figura física é desconhecida. As cabeças ditas de Hipócrates, presentes em alguns museus, réplicas de um original do século 3 a.C., na verdade retratam o filósofo Crisipo de Soli.

Hipócrates pertencia à família dos Asclepíades, que se acreditava descendente do herói Asclépio (Esculápio). A fim de estudar, o médico teria viajado, residindo nas cidades de Tasos, Abdera, Cizico, Melibeia e Atenas.

Em Atenas, Hipócrates teria não só ensinado e praticado medicina, mas também estudado retórica (com Górgias de Leontino), filosofia (com Demócrito de Abdera) e ginástica (com Heródico de Selimbria). Depois de retornar a Cós, deu novo impulso à medicina e lecionou na escola do templo de Esculápio.

A atuação de Hipócrates marca o fim da medicina místico-teúrgica e o início da observação científica dos fatos clínicos. Seus escritos foram reunidos no que se convencionou chamar Corpus Hippocraticum, vasta e heterogênea compilação que inclui textos de vários autores, incluindo alunos de Hipócrates.

Ao todo, o Corpus Hippocraticum é composto de 53 tratados, expostos em 72 livros. Emile Littré (1801-1881), quem primeiro os traduziu, considera autênticos, isto é, escritos por Hipócrates, apenas 12. Dentre estes, dois são os mais famosos: Aforismas (súmula da doutrina de Hipócrates) e Juramentos (que resume a ética de Hipócrates, até hoje pronunciada, com modificações, nas cerimônias de colação de grau dos médicos ocidentais). Já na opinião de Paul Harvey, em seu Dicionário Oxford de Literatura Clássica, apenas seis tratados foram escritos pelo médico grego.
 

"A vida é breve, mas a arte é extensa"

Segundo Hipócrates, o conhecimento do corpo é impossível sem o conhecimento do homem como um todo - concepção que ele herdou das medicinas babilônica e egípcia. O corpo não é só um conjunto de órgãos, mas uma unidade viva, que a "natureza" de cada um regula e harmoniza.

Dessas ideias decorre a importância que Hipócrates dava ao ambiente e à hereditariedade, salientando a prioridade do prognóstico sobre o diagnóstico (que, para os hipocráticos, sempre foi fragmentário e dominado pela sintomatologia).

Ainda segundo Hipócrates, as doenças provêm do desequilíbrio dos "humores" (sangue, fleugma, bile e atrabile) que determinam os temperamentos (sanguíneo, fleugmático, bilioso e atrabiliário). Todo corpo tem, em si mesmo, os elementos para recuperar-se. É só a própria natureza que cura, devendo o médico limitar-se a segui-la.

Apesar dos avanços da medicina científica, há correntes médicas que defendem um retorno às concepções hipocráticas fundamentais, como o conceito de força curativa da natureza e a patologia humoral.

Hipócrates foi considerado por seus contemporâneos e pósteros o tipo perfeito do médico: culto, humanitário, calmo, puro de espírito, sério e discreto. É de sua autoria o famoso pensamento: "A vida é breve, mas a arte é extensa, a oportunidade é fugaz, a experiência é perigosa, o julgamento é difícil".
 

Enciclopédia Mirador Internacional; Dicionário Oxford de Literatura Clássica