08/01/2010 - 06h23

Indicadores do bem-estar social

Já há algum tempo, o PIB (Produto Interno Bruto) tem sido relegado a segundo plano na hora de se mostrar a força e o desenvolvimento de um país. Em vez dele, que perdeu sua importância por não avaliar riquezas naturais nem o nível de felicidade das pessoas, surgiram vários indicadores do bem-estar social.

Isso se deve em grande parte ao aumento de consciência com relação a aspectos que não se restringem à capacidade pura e simples de ver os números frios responsáveis pela economia.

Entre outros fatores, contribuiram para essa nova avaliação as preocupações com o clima, o consumo responsável, a responsabilidade social, a consciência de que as riquezas são fruto de todo tipo de ação das pessoas, governos, entidades, empresas, ou seja, de todos nós.

Isso faz muita diferença para países menos desenvolvidos, nos quais os números que dizem respeito à economia em si não são dos mais expressivos, mas contam com outros fatores relevantes no todo.

Felicidade Interna Bruta

No Butão, por exemplo, passou a ser adotado o FIB (Felicidade Interna Bruta). Situado entre a China e a Índia, e considerado o país mais isolado do mundo, o Butão criou o índice em 1972. Isto porque o governo entendeu que as suas ações tinham que visar proritariamente à promoção do bem-estar social.

O FIB combina nove áreas diferentes, sendo que a única estritamente econômica é a de padrão de vida, que diz respeito à renda per capita e outros parâmetros de renda e emprego das pessoas.

Instituições como a ONU (Organização das Nações Unidas) e governos como o de Nicolas Sarkozy, da França, vêm se preocupando com o assunto e tomando medidas para que outros indicadores, como o IDH (Índice de Bem-Estar Social e o Índice de Desenvolvimento Humano), possam servir de parâmetros para mais países medirem seu desenvolvimento social e não apenas econômico.

O próprio Canadá, reconhecidamente um dos países de melhor nível de vida, tem seu índice oficial de bem-estar da população.

Mais países e para sempre

É importante essa nova mentalidade não apenas se espalhar pelo maior número possível de países, como se consolidar como a mais adequada para a avaliação do desenvolvimento. Isso porque o IDH, por exemplo, também leva em conta a longevidade e a educação das pessoas.

Cada vez mais outros aspectos têm sido observados, como o conceito de sustentabilidade, que se baseia não apenas no aspecto econômico, mas também no social e ambiental, fazendo surgir outros indicadores como o Index of Sustainable Economic Welfare (ISEW, índice de sustentabilidade econômica e bem-estar) e o Sustainable National Income (SNI, índice sustentável nacional), entre outros.

O IPL (Índice de Prosperidade Legatum), por exemplo, avalia 104 países em todo o mundo, medindo 44 itens diferentes de competitividade econômica e habitabilidade. Ele classifica os países no Índice de Prosperidade Global, segundo o modo como fomentam o crescimento econômico e o bem-estar pessoal.

O IPL é produzido pelo Instituto Legatum (IL), com a consultoria de pesquisa Oxford Analytica e consultores em economia, história, desenvolvimento, sociologia e ciências políticas. O IL tem como missão pesquisar e promover os princípios que impulsionam a criação da prosperidade global e o aumento da liberdade e do bem-estar da humanidade.

O Brasil também caminha nesse sentido. A Icatu Hartford, de seguros e previdência, por exemplo, já usou o FIB em campanhas de comunicação para atrair novos clientes.

* Com Lucila Cano