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Como ajudar os alunos que sofreram com a tragédia de Realengo?

12/04/2011 20h53

Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, ex-aluno, entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, zona oeste da cidade, armado com dois revólveres, foi até as classes onde alunos assistiam aulas e, em 9 minutos, deferiu muitos tiros a sangue frio, matou 12 estudantes, feriu outros 12 e cometeu suicídio. Todos os assassinados, 10 garotas e 2 rapazes, tinham entre 13 e 15 anos de idade. 


Mentes humanas não suportam ficar sem respostas às questões que lhes afligem. Assim, todos querem saber quais são os motivos que levaram Wellington a cometer este hediondo crime. Especialistas pesquisam e entrevistam pessoas que se relacionaram com ele nas suas diversas etapas, parentes, seus escritos e pertences, internet, seus interesses, tudo para compreender o que aconteceu.


As hipóteses diagnósticas vão desde personalidade psicopática, doenças mentais, alucinado maluco, vingança tardia de bulliyng sofrido na juventude, explosão cruel de um ensimesmado crônico, fanatismo religioso, cruel perda de controle de uma obstinada mente perturbada ...  Não importa qual ou quais teriam sido as motivações para este crime hediondo, nada muda os seus resultados. Nada justifica um assassinato nem simples, muito menos de tantos jovens. Temos agora que cuidar dos que estão vivos, para que os seus sofrimentos e prejuízos sejam amenizados e suportáveis, evitando as pioras e devolvendo as condições de uma razoável reconstrução.


Como os responsáveis poderão agir com os sofrimentos causados direta e indiretamente por este crime absurdo aos seus filhos e alunos? Como explicar o que não se consegue entender? Como responder que é inexplicável? Como oferecer segurança se todos estão inseguros? Como evitar que este tipo de tragédia aconteça outras vezes?


Para os familiares, parentes, amigos, colegas e conhecidos que conviviam com as vítimas e também para as que foram emocionalmente envolvidas, este crime foi como um imprevisível terremoto, com perdas irreparáveis e danos psicológicos.


Além do tratamento pós-traumático que deve ser oferecido a todas as pessoas necessitadas, algumas das ações que podem ajudar bastante às vítimas vivas são:

 

  • Ficar com elas e aceitar todas as manifestações espontâneas de sofrimentos que houver, como falas, choros, escritos, desenhos etc. e compartilhar seus sentimentos;

 

  • Atender suas necessidades de colo, de abraço, de carinho, de alimentação, de ouvir que muitas outras pessoas também estão sofrendo e cada um necessita de cuidados conforme suas particularidades;

 

  • Acompanhá-las e ajudá-las no que tiverem dificuldades de fazer para retomar a vida cotidiana;

 

  • Às crianças e jovens que temerem ir às suas próprias escolas, deve-se explicar que devem voltar a frequentar as aulas pois, com certeza, haverá um cuidado maior para que isso não volte a acontecer nem lá nem em outras escolas; que outras vítimas também precisam delas;

 

  • Pais que precisarem sair para trabalhar: é bom que retornem às suas atividades, mas mantenham contato freqüente com os seus dependentes, seja pelo método que for. O mais fácil é pelo telefone celular;

 

  • Não podemos aumentar o poder destruidor deste crime permanecendo reféns do medo e presos em casa;

 

  • Provavelmente todas as pessoas assassinadas gostariam que cada um continuasse a aproveitar melhor a sua vida já que as delas foram ceifadas;

 

  • Quando o sofrimento for paralisante: procurar ajuda de profissionais especializados;

 

  • Oferecer, enfim, a garantia afetiva do seu amor para as vítimas vivas, pois dentro de tudo o que se torna incerto, inseguro e temeroso, a certeza que elas devem sentir é a segurança do relacionamento verdadeiro das pessoas que as amam.