Saiba qual é o melhor presente do Natal
Por Içami Tiba
O Natal está chegando! É o ciclo de um ano que está terminando.
O Natal deveria ser chamado de O Dia da Gratidão. Temos muito a agradecer por termos chegado até aqui. Gratidão é um sentimento de querer retribuir a graça, o favor, o agrado, a ajuda, o carinho que recebemos.
O final do ano é o momento mais adequado para se fazer um balanço de tudo o que nós fizemos e nos fizeram. Além do agradecimento que fazemos na hora em que recebemos, é preciso também agradecer os desdobramentos do que recebemos. Devemos retribuir com muito além das palavras, uma ação, uma lembrança significativa. Se estamos no convívio, é com presentes, com uma lembrança... Se estamos longe, com um telefonema, um cartão, um e-mail, um torpedo... Se estamos em outra dimensão, uma oração...
Estamos vivendo uma época com poucos filhos. Somam-se as receitas do pai e da mãe para presentear poucos filhos. Pode ser muito presente para pouca gente. Mas pode ser também muita gente para pouco presente.
Serão mais felizes e presenteados os casais sem filhos? Os DINKs, como são chamados por americanos os casais que não querem ter filhos para curtirem mais a vida, com tranqüilidade e conforto. São os Double Income No Kids. Eles podem até curtir o Natal, mas nada como crianças e papais noéis para se comemorar as "presenteações".
"Meus filhos já têm tudo o que querem, o que precisam, nem sei o que dar para eles..." podem pensar alguns pais. São pais que materializaram o afeto: "se eu gosto, eu dou presentes!". Mas podem ser também pais superdadivosos, generosos por demais da conta a ponto de perderem a noção do equilíbrio entre o dar e o receber, entre o custo e o benefício, entre o ônus e o bônus...
O desejo é uma das maiores forças que alimentam a motivação. Quer ver uma criança desmotivada, aborrecida, o coração apanhando devagar, parada? Dê-lhe tudo o que quiser, prontinho, nas mãos deles...
A expectativa alimenta o desejo, a fantasia, dá batedeira no coração, dá cócegas no sangue, que faz a criança parecer hiperativa, que cutuca um, que agita outro, que fala alto, que atropela as palavras e os outros...
Os pais querem que suas crianças vibrem quando ganham e brinquem a toda hora com os seus presentes? Não dê presentes à toa, por nada, só porque os filhos estão vivos, mas sim para mostrar uma alegria extra, um merecimento, uma gratidão. Assim é que se qualifica os presentes, não os tornando banais, sem significados...
Não dê muitos brinquedos a ponto de não conseguir brincar com todos eles. A obesidade de brinquedos traz tédio, um sem gracismo de ganhar mais o que nem o faz vibrar... É como comida que tem que ter um limite. Não se vive para comer, mas come-se para viver. Não se vive de presentes, mas faça da vida um presente.
Barbie? Trenzinho? Um livro? Uma bola? Uma camisa do seu time preferido? Um brinquedo educativo? Um painel de fotos? Um joguinho eletrônico? Uma obra sua, que nasceu de você para o filho? Qual o mais adequado? Em cada cabeça há uma sentença e em cada presente, uma intenção, uma emoção...
Pais e educadores, lembrem-se: não são vocês que estão ganhando os presentes, pois vocês já os ganharam durante este ano de convivência. Os presentes são para outras pessoas. Portanto, não olhem somente os presentes em si, percebam as suas intenções e provoquem fortes emoções nos filhos.
Içami Tiba
Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu "Pais e Educadores de Alta Performance", "Quem Ama, Educa!" e mais 28 livros
Site: www.tiba.com.br Seus artigos só poderão ser reproduzidos com autorização prévia.