Benefícios do saneamento básico
Em 2002, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou em seu relatório anual uma lista de dez fatores de graves consequências para o ser humano: desnutrição, comportamento sexual de risco, tabagismo, alcoolismo, hipertensão, falta de saneamento básico e de água tratada, colesterol alto, fumaça provocada pela queima de combustíveis sólidos (carvão), carência de ferro na alimentação e obesidade.
Passados 12 anos, esses fatores continuam a ameaçar a humanidade (e devem nos perseguir por longo tempo), embora com intensidades variadas e passíveis de redução, graças a campanhas de conscientização, mudança de hábitos, novos remédios e tratamentos e políticas públicas eficazes.
No Brasil, por exemplo, os números da falta de saneamento básico ainda são elevados e assustam.
Avanço tímido
Estudo da ONG Água e Cidade de 2011, com base em dados do IBGE de 2003, indicava que 90,5 milhões de brasileiros viviam em domicílios desprovidos de sistemas de coleta de esgoto sanitário. A população brasileira estava próxima dos 177 milhões de habitantes em 2003.
Em 2011, de acordo com dados do Ministério das Cidades, só 48,1% dos brasileiros tinham coleta de esgoto, sendo que, do que foi coletado, menos de 40% foram tratados. A informação procede do Estudo “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro”, recém-divulgado. Em 2011, nossa população era pouco maior que 192 milhões de pessoas.
Na comparação entre um estudo e outro, avançamos 2% na oferta de coleta de esgoto, enquanto a população cresceu 8,5% em oito anos.
Como equilibrar a oferta de serviços básicos, como o saneamento, com o crescimento da população e seus consequentes direitos e necessidades, é uma das grandes questões atuais que, de certa maneira, o Estudo “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro” responde.
Publicado pelo Instituto Trata Brasil e pelo CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), o estudo realizado pela Consultoria Econômica Exante foi lançado em 20 de março no “Fórum Água: gestão estratégica no setor empresarial”, por causa do Dia Mundial da Água em 22 de março.
O evento reuniu representantes de empresas, instituições de ensino, ONGs e governo. O estudo reúne benefícios que podem resultar da maior oferta de saneamento. Ou seja, apresenta uma visão positiva de como tudo pode melhorar na saúde, na educação, no meio ambiente e também nos negócios.
Propostas positivas
Diz o estudo que o volume de recursos financeiros para a universalização da coleta de saneamento no Brasil soma R$ 313,2 bilhões a preços de 2013. O valor estimado é vultoso, mas, caso contássemos com 100% de saneamento no país, os benefícios obtidos seriam muitos. Selecionei dois exemplos.
O turismo é afetado pelo desempenho em saneamento. Os exemplos apresentados são de Cuba, Chile e Argentina (países que possuem índices de saneamento superiores ao do Brasil) que, em 2011, receberam respectivamente 238, 176 e 139 turistas estrangeiros por mil habitantes, enquanto o Brasil recebeu apenas 27 turistas por mil habitantes.
A projeção para o segmento do turismo, em havendo 100% de saneamento, seria de 500 mil postos de trabalho em hotéis, restaurantes, agências de turismo e empresas de transporte, entre outros. A renda gerada por essas atividades alcançaria R$ 7,2 bilhões por ano em salários e um crescimento de PIB de mais de R$ 12 bilhões para o país.
No tocante à saúde, em 2013 foram notificadas ao DataSus 340 mil internações por infecções gastrointestinais. Delas, 173 mil foram classificadas como de origem infecciosa presumível. Se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto, haveria uma redução de 74,6 mil internações. A Região Nordeste seria beneficiada por 56% dessa redução.
Transformados em dinheiro, esses números significariam uma economia anual de R$ 27,3 milhões, assim distribuídos: 52,3% no Nordeste; 27,2% na Região Norte; e o restante nas demais regiões do país.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.
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