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Remédio, pra que te quero

05.out.2012 - A fêmea do mosquito Anopheles mata mais de um milhão de pessoas por ano. O inseto é o mais letal do mundo animal porque é transmissor da malária - Thinkstock/Getty Images
05.out.2012 - A fêmea do mosquito Anopheles mata mais de um milhão de pessoas por ano. O inseto é o mais letal do mundo animal porque é transmissor da malária Imagem: Thinkstock/Getty Images
Lucila Cano

20/06/2014 06h00

Em campo e fora dele, a Copa do Mundo suscita reclamações. A passagem da delegação inglesa por Manaus deu o que falar, por causa do clima e por causa dos remédios contra a malária. Qualquer outra seleção europeia reclamaria. Latinos de regiões mais temperadas também. A realização de uma Copa na Rússia será um bom tira-teima para aqueles mais acostumados ao calor tropical.

E a malária? Em seu site, o Dr. Drauzio Varela é claro: “A malária é uma doença prevalente nos países de clima tropical e subtropical.” E, mais adiante, na mesma página: “A Amazônia é a região do Brasil onde ocorrem 98% dos casos de malária”.

Tomar remédio contra a malária é o mínimo que a delegação inglesa deveria fazer e fez. Os jogadores reclamaram, como qualquer um de nós reclamaria, mas isso não significa uma arrogância, um menosprezo à região, como muitos chegaram a insinuar.

A Amazônia é região reverenciada do planeta, para onde convergem todas as atenções daqueles que sabem a importância da sua biodiversidade e a urgência da sua preservação. Talvez não seja o lugar mais apropriado para se jogar futebol, assim como não parecem ser determinadas cidades da Bolívia por causa de suas altitudes.

Campanha contra a malária

A maior incidência da malária ocorre na África Subsaariana onde, apesar de todos os esforços para erradicação da doença, ela ainda mata mais de meio milhão de pessoas ao ano. As principais vítimas são as crianças. De acordo com o Unicef, a malária continua sendo a terceira causa mais comum de morte entre os menores de cinco anos, com 90% delas concentradas na África.

Mesmo assim, o Dia Mundial de Luta contra a Malária foi festejado pela ONU em 25 de abril, porque desde o ano 2000 as taxas globais de mortalidade pela malária foram reduzidas em mais de 40%.

Assim como a dengue, a malária também é transmitida por um mosquito. Pode ser prevenida com o uso de mosquiteiros vaporizados por inseticidas e curada com tratamentos de apenas três dias, se for detectada a tempo.

Por isso, a ONU continua na batalha para conseguir mais fundos da comunidade internacional para erradicar a malária. Lançou um desenho animado que tem o jogador Didier Drogba, da Seleção da Costa do Marfim, usando o futebol para conscientizar as pessoas sobre a doença e o combate ao mosquito transmissor. Drogba já foi vítima da malária e atualmente é embaixador da Boa Vontade do Pnud, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Uma conquista

Ninguém gosta de tomar remédio, vacina, injeção. No entanto, as pequenas doses preventivas são uma conquista da humanidade na luta contra doenças endêmicas.

Em nosso país ainda somos muito displicentes, quando não desconfiados, com as vacinas. É comum ouvir de pessoas maiores de 60 anos, alvos prioritários das campanhas anuais de vacinação contra a gripe que, depois de um resfriado forte, não vão mais tomar a vacina porque ela não funcionou. Pior seria sem ela, dizem os médicos. Cabe esclarecer ainda mais a população na campanha do próximo ano.

Há países em que algumas vacinas são obrigatórias para a entrada de estrangeiros e para o próprio bem desses visitantes. Em outros, elas são apenas recomendadas. Além das viagens para o exterior, lembro ao leitor, no entanto, que em um país do tamanho do Brasil, vacinas também são aliadas poderosas para garantir viagens seguras.

Ainda não dispomos de uma vacina contra a dengue e, em algumas regiões, o mosquito anda fazendo muitos estragos. Mas, sabemos hoje que o mosquito da dengue é um vetor para a febre amarela, erradicada em meados do século passado.

A vacina contra a febre amarela é válida por dez anos. Outra igualmente importante para adultos é a vacina contra a hepatite B. Melhor do que eu, no portal da Anvisa, uma cartilha explica tudo sobre vacinas. Vale conferir. Vale prevenir.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.