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Profissão Nutricionista

Lucila Cano

29/08/2014 06h00

Superficialmente, associamos o trabalho do nutricionista (quase sempre no feminino, dada a expressiva preferência de mulheres pela profissão) a dietas emagrecedoras e ao acompanhamento de doentes em hospitais.

Um olhar mais atento, porém, revela a crescente importância do nutricionista em novos campos e com boas oportunidades de emprego. Com a ampliação de conhecimentos nas áreas hospitalar, clínica e de saúde pública, para as quais é formado, o profissional da nutrição tornou-se indispensável para a indústria de alimentos – restaurantes em geral e refeitórios, inclusive -; campanhas educativas e de prevenção de doenças; desenvolvimento de atletas e práticas esportivas; luta contra a fome e pesquisas, entre outras tantas atividades.

Os extremos com os quais convivemos na sociedade moderna exemplificam o quanto os nutricionistas podem contribuir para a evolução de hábitos mais saudáveis e melhor qualidade da vida. De um lado, a obesidade avança, as doenças crônicas se multiplicam, a expectativa de vida nos acena com alguns anos a mais de crédito (sem que, muitas vezes, haja condições ideais para aproveitá-los). De outro, as populações mais carentes são vitimadas pela falta de saneamento, pela desnutrição e pelo desconhecimento de alimentos e de formas de preparo mais benéficas às suas necessidades. Por isso, os programas de saúde da família demandam participação obrigatória de nutricionistas.

Âmbito internacional

De 17 a 20 de setembro, a cidade de Vitória (ES) será sede do Congresso Brasileiro de Nutrição, que, nesta edição terá o questionamento “Alimentação e Nutrição nos Excessos e na Fome Oculta: onde estamos e para onde vamos?” como tema central das exposições.

O evento abrangerá o 5º Congresso Ibero-americano de Nutrição, o 3º Simpósio Ibero-americano de Nutrição Esportiva, o 2º Simpósio Ibero-americano de Nutrição em Produção de Refeições e o 2º Simpósio Ibero-americano de Nutrição Clínica. Cerca de quatro mil interessados em novas tendências e estudos científicos são aguardados.

A nutrição voltada para a prática esportiva deve ser uma das atrações do congresso, não só por causa da proximidade com a Copa recém-terminada e das Olimpíadas de 2016. Além da melhoria de desempenho dos atletas, o combate ao sedentarismo da população, com exercícios físicos aliados a uma alimentação equilibrada, está na ordem do dia dos profissionais do setor.

Outros assuntos também atraentes podem ser a produção de alimentação coletiva e as diferentes modalidades de terapia nutricional, cujas práticas serão compartilhadas por nutricionistas brasileiros e de outros países.

Reconhecimento profissional

O nutricionista comemora o seu dia em 31 de agosto, dia e mês em que a Associação Brasileira de Nutricionistas foi fundada, no ano de 1949, no Rio de Janeiro. Tempos depois, ela adquiriu a denominação atual: Asbran (Associação Brasileira de Nutrição). Responsável pelo congresso, reúne 12 entidades estaduais e 80 mil associados aproximadamente.

Nas raízes da associação e da própria profissão de nutricionista está a história da enfermeira Lieselotte Hoeschl Ornellas, filha de imigrantes alemães nascida em Florianópolis (SC) em 1917. Depois de uma bolsa de estudos na Argentina e de um curso de pós-graduação em Nutrição na Inglaterra entre 1947 e 1949 – logo após a Segunda Guerra Mundial – ela contribuiu de maneira decisiva, como profissional e docente, para o desenvolvimento da Enfermagem e da Nutrição no Brasil.

Apesar dos esforços de todos os envolvidos com a profissão, o curso de Nutrição foi reconhecido como de nível superior pelo Conselho Federal de Educação apenas em 1962. A profissão foi regulamentada em 1967 e, na época, os cursos eram escassos e predominavam na Região Sudeste. O nutricionista passou a ser identificado como profissional liberal no ano seguinte e só a partir da década de 1970, o ensino da Nutrição se expandiu para outros pontos do país.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.