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Entre descartáveis e duráveis

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Imagem: Shutterstock
Lucila Cano

17/10/2014 06h00

O Instituto Akatu, que trabalha em favor do consumo consciente, lançou a campanha #SigaOs10Caminhos nas redes sociais para orientar as pessoas sobre o poder de suas escolhas.

Somos os principais beneficiados pelos incansáveis esforços de organizações como o Akatu para a conscientização da sociedade em defesa do meio ambiente. Graças a eles, sabemos hoje que a humanidade consome 50% mais recursos naturais do que o planeta é capaz de regenerar.

Se viver é preciso, mudar também é preciso, mas isso não é nem um pouco fácil. Por esse motivo, a insistência em reprisar determinados temas e provocar a reflexão e o debate para que deles surjam soluções. Tomo a liberdade de fazer isso, a partir do primeiro caminho: “O durável mais que o descartável”.

Descartáveis

Com razão, a preferência vai para os duráveis, salvo exceções, como materiais utilizados nas áreas de Saúde. Esses devem ser descartados logo após o uso, para que se afaste qualquer perigo de contaminação. No passado, não foram poucos os dentistas contaminados pelo HIV por falta de conhecimento e de luvas, protetores de boca e óculos descartáveis. Atualmente, a ameaça do vírus Ebola reforça a necessidade da proteção descartável nos locais de atendimento a doentes.

É importante lembrar que o lixo hospitalar, justamente esse que deve ser descartado de maneira correta a cada paciente atendido, seja no hospital, seja na enfermaria de uma escola, de uma empresa, de um clube de futebol, e até de nossas próprias casas, não pode ser misturado com o lixo comum.

Fraldas descartáveis, de bebês, ou geriátricas, deveriam seguir o caminho da coleta do lixo hospitalar para o incinerador. A pergunta é: quem faz isso? Falta esclarecer o consumidor e oferecer a ele um serviço de coleta diferenciada.

A bem da saúde, mãos bem lavadas e luvas descartáveis deveriam ser mais frequentes em casa para os curativos e a manipulação de alguns alimentos.

De sacolas plásticas, nem falo mais. Houve uma redução expressiva das sacolas descartáveis nos supermercados que incentivaram a adoção de sacolas retornáveis. O meio ambiente agradece, mas falta uma boa ideia para substituir a sacola plástica na sua função final: embalar o lixo que sai de casa para a lixeira da rua.

Por falar em falta, considero acertada a opção por pratos e talheres descartáveis para todos aqueles que vivem sem água na Região Sudeste. Não dá para fazer da pia da cozinha uma lata de lixo e criadouro de insetos.

Duráveis

Como bem diz o primeiro dos dez caminhos, “optar por algo que não precisa ser substituído rapidamente, ou que você ‘usa e joga fora’, evita que mais recursos naturais sejam usados para produzir um novo item”.

Um dos exemplos é a lâmpada LED, que dura muito (até 13 anos, diz o Akatu) e que consome muito menos energia que uma lâmpada convencional. As lâmpadas incandescentes já não podem mais ser fabricadas e, aos poucos, as fluorescentes, que vieram depois e são um pouco mais econômicas, deverão ser substituídas pelas lâmpadas LED. Há, no momento, o inconveniente do preço. Uma lâmpada LED custa caro.

Assim como nos planejamos para comprar um presente, um carro, um celular ou outro bem durável, deveríamos separar um dinheirinho para comprar lâmpadas LED, mesmo que fosse uma por mês. No final das contas, vale o investimento, na redução da fatura de energia e na durabilidade do produto.

Mas, fabricantes poderiam explicar de maneira mais acessível para leigos qual o tipo de LED que serve para cada aposento de uma casa. Já tentei me informar e fiquei sem saber o que comprar.

Embora o Akatu faça menção ao celular no caminho “a suficiência e não o excesso”, está aí um item que eu também coloco entre os duráveis. Quem troca de celular todo ano por modismo deveria repensar essa atitude com urgência.

Para saber mais, pensar, repensar e adotar boas práticas, siga os dez caminhos do Akatu.

*Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.