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A busca de soluções para as cidades

Lucila Cano

14/11/2014 06h00

Exemplos e soluções de mobilidade urbana, gestão de espaços públicos e aglomerados urbanos foram temas que pautaram a conferência internacional “A cidade e o jovem – Territórios de vida em comum” entre 7 e 27 de outubro.

O evento, gratuito e itinerante, apresentou exemplos bem-sucedidos de arquitetos e urbanistas do Brasil, da América Latina e de Portugal para plateias de seis cidades do Estado de São Paulo: Ribeirão Preto, Santos, Campinas, São Paulo, Bauru e São José dos Campos.

A dinâmica resultou da organização da ONG Opção Brasil com o patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e a parceria das universidades Barão de Mauá, Unisantos, Unicamp, FIAM-FAAM, FAAC/UNESP Bauru e Univap/São José dos Campos.

Dessa maneira, os conferencistas foram até os estudantes e demais interessados para debater uma importante questão da atualidade: Como melhorar a qualidade da vida nos centros urbanos. 

O modelo de cidades inteligentes

Iluminação pública sustentável, mais diversificada e renovável; recarga de aparelhos eletrônicos por energia solar; carros e ônibus automáticos, movidos a energia limpa e sem condutores; estacionamentos e semáforos inteligentes; sistemas de monitoramento avançados, com câmeras e sensores que fiscalizam tarefas como a limpeza de áreas públicas; e medidas para a redução do consumo de água e energia fazem parte do conceito de smart cities (cidades inteligentes) que a população de Portugal começa a conhecer e usufruir.

Essas novidades foram apresentadas na faculdade FIAM-FAAM, na cidade de São Paulo, em 10 de outubro, por Catarina Selada, coordenadora da Rede de Cidades Inteligentes de Portugal (Inteli). Mestre em Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia, a especialista é responsável pela iniciativa “Índice de Cidades Inteligentes 2020”.

Nessa oportunidade, a Opção Brasil e a Inteli assinaram acordo para trazer o modelo de smart cities para cidades brasileiras e da América Latina.  Segundo Daniel Vaz, presidente da Opção Brasil, “essa é uma nova forma de pensar o uso de tecnologias em processos urbanos, para levar qualidade de vida e a utilização racional dos recursos que possuímos, além de diminuir desigualdades sociais”.

A valorização do capital humano, o poder de inovação e a economia criativa para enfrentar os desafios das cidades são inerentes ao conceito de smart cities. Assim é o projeto de identidade cultural de Ruy Ohtake em Heliópolis, uma das maiores comunidades da cidade de São Paulo.

Em sua conferência, em Campinas (SP), o arquiteto apresentou exemplos práticos, obras e iniciativas de um trabalho que iniciou em Heliópolis há 10 anos e ressaltou como essa nova arquitetura mudou de maneira positiva a vida das pessoas que vivem nas favelas.

Qualidade da vida

Entender a inclusão como reconhecimento da diversidade e o papel do arquiteto como o de um facilitador de espaços foram propostas que deram o tom da palestra “A arquitetura inclusiva e sem barreiras”, apresentada por Jorge Torres em Bauru. Professor da Universidad Nacional da Colombia, Torres enfatizou a importância do equilíbrio nos projetos para melhorar a vida das pessoas com problemas de locomoção. Segundo ele, os direitos devem ser compartilhados por todos, sem exceção.

Ainda entre os palestrantes, Marcelo Gomes Ribeiro, coautor do livro “Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU)”, apresentou em São José dos Campos as análises do Observatório das Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre a qualidade da vida nas principais regiões metropolitanas do Brasil.

Por meio do IBEU é possível analisar indicadores de mobilidade, condições ambientais e habitacionais, atendimento de serviços coletivos e infraestrutura, entre outros dados.

Por esses e outros projetos, a conferência “A cidade e o jovem – Territórios de vida em comum” revelou-se importante contribuição para um novo jeito de viver nas cidades. Que venham outras.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.