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Um ano de luz

As fibras ópticas contribuíram para uma mudança radical nas comunicações - Thinkstock
As fibras ópticas contribuíram para uma mudança radical nas comunicações Imagem: Thinkstock
Lucila Cano

03/04/2015 07h00

Associamos à luz significados que enriquecem a vida. Costumamos dizer que alguém é “iluminado” sempre que nos referimos a uma pessoa de muita inteligência, ou bastante altruísta. Também é comum dizermos que “tivemos uma luz” para falar de uma boa ideia, provavelmente em decorrência da expressão “dar a luz” que, por si só, já diz tudo: dar a oportunidade da vida a alguém.

A luz traz consigo associações muito positivas, inclusive para o desenvolvimento sustentável, em decorrência de novas tecnologias e do progresso da ciência óptica.

Talvez por isso, no final de 2013 a ONU tenha proposto que 2015 fosse o Ano Internacional da Luz e das Tecnologias baseadas na Luz. Mal sabiam os membros da ONU que nós outros, justamente neste ano, teríamos que pagar caro para obter os benefícios básicos da luz no Brasil.

Fazer o quê? No nosso caso, desligar todos os interruptores que pudermos, embora isso não seja simples, e nem sempre possível em indústrias, estabelecimentos comerciais, escolas, hospitais e áreas públicas, entre tantos outros locais.

Noites no escuro

Mas, a nossa crise não diminui a importância da homenagem, tampouco da necessidade de aprendermos mais sobre a luz e as possibilidades que ela nos proporciona.

Em seu site oficial, a ONU diz que “A luz exerce um papel essencial no nosso cotidiano e é uma disciplina científica transversal obrigatória para o século 21. Ela vem revolucionando a medicina, abrindo a comunicação internacional por meio da internet e continua a ser primordial para vincular aspectos culturais, econômicos e políticos da sociedade mundial”.

Mais adiante, na mesma apresentação, John Dudley, presidente do Comitê de Promoção do Ano Internacional da Luz 2015, declara: “Um Ano Internacional da Luz é uma grande oportunidade para garantir que gestores de políticas internacionais e partes interessadas se conscientizem sobre o potencial de solução de problemas que a tecnologia óptica apresenta. Nós temos agora uma oportunidade única para promover essa conscientização em âmbito mundial”.

Vale lembrar que ao mesmo tempo em que ciência e tecnologia avançam na produção de soluções que tornam a vida mais confortável e prática, ainda há no mundo cerca de 1,5 bilhão de pessoas que passam suas noites no escuro, ou à pálida luz de velas e lampiões que prejudicam o estudo e outras atividades. Essas pessoas estão privadas do acesso a bens culturais, como o cinema, por exemplo.

Alternativas e novos empregos

Questões como essa nos remetem à urgência do emprego das energias alternativas, como a solar e a eólica, que substituem aquela gerada pelas usinas hidrelétricas e térmicas. Os recursos hídricos, cada vez mais escassos, seriam preservados em benefício das pessoas e do planeta. Isso, sem falar na necessidade de redução dos danos ambientais causados pelos combustíveis fósseis e pelo carvão, cuja produção mutila florestas.

As chamadas tecnologias da luz abrem novos caminhos para a humanidade por meio de múltiplos avanços. O raio laser, que hoje nos parece tão comum na medicina e na odontologia, também aperfeiçoa as telecomunicações.

As fibras ópticas, por sua vez, contribuíram para uma mudança radical e muito mais eficiente nas comunicações, inclusive na internet, que já se incorporou ao nosso dia a dia.

O Prêmio Nobel de Física do ano passado contemplou os cientistas japoneses que descobriram o LED azul, fonte de luz branca, brilhante e econômica, que representa um avanço em relação ao LED amarelado.

Smartphones e laptops são frutos da Fotônica, ciência e tecnologia que gera, controla e detecta fótons (partículas de luz). O site do Ano Internacional da Luz (www.light2015.org), ainda em inglês, nos ensina que “O Século 21 dependerá da Fotônica, assim como o século 20 dependeu da Eletrônica”.

Muitos eventos comemorativos a este ano de luz estão programados para o Brasil. Espero voltar ao tema, porque além de sua inegável importância, ele é fascinante.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.