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Ideias para germinar

Lucila Cano

05/06/2015 06h00

“Germinobolas” é o curioso nome de bolas de húmus e argila, em cujo miolo são colocadas sementes. A estrutura protege as sementes e permite que elas germinem.

As “germinobolas” são uma alternativa para recuperar solos degradados e matas ciliares, à beira de nascentes, córregos e rios.

Produzir “germinobolas”, e depois lançá-las nos locais mais necessitados de vegetação, pode ser uma atividade lúdica. Essa é uma das apostas do programa de educação ambiental Viva Meio Ambiente promovido pela Arteris, companhia do setor de concessões rodoviárias que opera nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

Como uma criança vive no íntimo de cada adulto, aprender a fazer “germinobolas” e distribuí-las pela Natureza deveria ser prática incentivada em todo o país durante todo o ano e para todos, independentemente de faixa etária.

A exemplo dos livros para colorir (nada contra eles) que dominam as vendas em livrarias e bancas de jornais com o nobre propósito de “desestressar” seus adeptos, acredito que as “germinobolas” cumprem papel semelhante. E mais: com a vantagem de reerguer nossas matas e florestas. Fica a sugestão.

Plantar e recuperar

A cidade de Salesópolis, em Minas Gerais, tornou-se cenário de um projeto que deve plantar 32 espécies de árvores da Mata Atlântica em cerca de 320 mil metros quadrados de área, com vistas à recuperação das nascentes do Rio Tietê.

O objetivo é preservar áreas que tenham importância no abastecimento de represas e do lençol freático. Os recursos são financiados em parceria entre a ONG The Nature Conservancy e uma empresa de Mogi das Cruzes, empenhada em compensar os danos ambientais causados pela fábrica de sua propriedade.

A ONG atua há mais de cinco anos com a Agência Nacional de Águas (ANA), prefeituras e outras ONGs, como o projeto “Produtor de Água” na bacia dos rios Piracicaba, Capivarí e Jundiaí. A ação protege nascentes e ajuda os produtores rurais na restauração e conservação das florestas em suas propriedades.

O trabalho em Salesópolis deve levar intervenções parecidas ao Sistema Alto Tietê, que fornece água para mais de 4 milhões de pessoas na cidade de São Paulo e em municípios vizinhos, tendo em vista que, quanto maior a vegetação ambiental, maior a recuperação das nascentes.

Outra ONG, a Nordesta Reflorestamento e Educação, também apoia ações ambientais de empresas e atua para manter a biodiversidade; reduzir a erosão e proteger os solos; e aumentar o volume das nascentes de água.

Com o Grupo Accor, do segmento de hotelaria, a Nordesta desenvolve o projeto Plant for the Planet, que desde 2009 já plantou mais de 340 mil árvores nas margens do Rio São Francisco, na região da Serra da Canastra, em Minas Gerais.

O projeto, merecedor de vários prêmios, é modelo de investimento em sustentabilidade do Grupo Accor em todo o mundo e apenas em 2014 expandiu de sete para 21 as áreas selecionadas para reflorestamento.

Datas

Enquanto políticos e governos discutem o que fazer para livrar o planeta de catástrofes ambientais, pessoas, empresas e ONGs agem. Seja com “germinobolas”, seja com outros projetos, o importante é agir.

A Semana do Meio Ambiente é seguida pelo Dia Mundial dos Oceanos, em 8 de junho. Eu sempre me pergunto por que essas comemorações dão tanta ênfase à educação infantil? Aparentemente, porque crianças representam a esperança de um futuro melhor. Para os adultos de hoje, as perspectivas de recuperação são mínimas. Quer um exemplo?

“O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou nesta quinta-feira (28 de maio) que, durante o trimestre de fevereiro, março e abril deste ano, os alertas de alteração na cobertura florestal da Amazônia, incluindo corte raso (destruição total) e degradação (destruição parcial) somaram 550 km2. Esse número é 62,7% maior que os 338 km2 registrados no mesmo período do ano passado” (A notícia é do G1).

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.