Topo

Erradicar a pobreza e a fome

Lucila Cano

16/10/2015 06h00

Em setembro de 2000, a ONU realizou a Cúpula do Milênio, na qual os representantes de 191 países-membros da organização se comprometeram a trabalhar para atingir as oito Metas do Milênio até o final de 2015.

As Metas, também conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) priorizaram a necessidade de populações mundiais chegarem a um nível equilibrado de desenvolvimento e respeito à dignidade humana neste início do século 21.

Desde então, as oito Metas vinham sendo amplamente divulgadas, mas, como já declarado pela própria ONU, nem todas foram alcançadas pelos países, o que ainda nos distancia do progresso social pretendido para a humanidade.

Ao final deste ano, a ONU deverá divulgar os resultados oficiais (alguns já foram informalmente revelados) obtidos 15 anos depois daquela reunião.

Na época, erradicar a pobreza extrema e a fome era o objetivo primeiro ao qual se somavam todos os demais: educação básica de qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; redução da mortalidade infantil; melhora da saúde das gestantes; combater a AIDS, a malária e outras doenças; garantir a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente; estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

A busca continua

Na mais recente reunião da ONU no final de setembro passado, e agora com mais países-membros (193), a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável lançou 17 novas metas, com vigência até o final de 2030. São elas: erradicar a pobreza; erradicar a fome; saúde de qualidade; educação de qualidade; igualdade de gênero; água limpa e saneamento; energias renováveis; empregos dignos e crescimento econômico; inovação e infraestrutura; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo responsável; combate às mudanças climáticas; vida debaixo da água; vida sobre a terra; paz e justiça; parcerias pelas metas.

Essas metas, chamadas de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), ampliam os desafios anteriormente propostos, mas, como aqueles, colocam em primeiro lugar a urgência de o mundo erradicar a miséria e a fome.

Superadas essas ameaças, as pessoas poderão ter um mínimo de base para, assim, se desenvolverem em outros aspectos.

Os objetivos são ambiciosos e a primeira dúvida que surge é se governos realmente se empenharão no cumprimento das responsabilidades assumidas no fórum internacional.

Ao olharmos com atenção para as repercussões das Metas do Milênio, sabemos que elas foram inspiradoras de importantes ações sociais movidas por empresas e ONGs em todo o mundo.

A constante divulgação das Metas também motivou debates e movimentos populares, além de contribuir para que estudiosos e cientistas se debruçassem ainda com mais ênfase sobre pesquisas nas mais diversas áreas.

Portanto, as Metas para o Desenvolvimento Sustentável podem parecer ainda mais desafiadoras, mas não impossíveis. Mesmo que nem todas sejam plenamente alcançadas nos próximos 15 anos, não há como negar as grandes possibilidades de avanço em defesa de um futuro mais sustentável para todos.

Prêmio Nobel

Coincidentemente, este ano o Prêmio Nobel de Economia, anunciado em 12 de outubro, foi para um professor escocês – Angus Deaton – que estuda o consumo em relação à pobreza e ao bem-estar.

Antes dele, em 5 de outubro, o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia contemplou três cientistas. O irlandês William C. Campbell e o japonês Satoshi Omura criaram novas terapias para combater doenças provocadas por vermes nematódeos (parasitas que se encontram na água e no solo, em vegetais e em animais). Já a chinesa YouYou Tu foi premiada por desenvolver uma nova terapia contra a malária.

Tudo a ver com as Metas, que todos os dias, em diferentes circunstâncias, nos dão sinais de que governos, instituições, empresas e pessoas podem fazer mais e melhor pela vida e pelo planeta.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.