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Reciclagem solidária

Lucila Cano

17/06/2016 09h35

Por si só qualquer projeto de reciclagem já é um avanço em nossa relação com os princípios da sustentabilidade. O aumento da reciclagem cria empregos e novos negócios, como as cooperativas; aprimora tecnologias na busca de métodos mais eficazes para a transformação de determinados resíduos; reduz significativamente os volumes de energia e água utilizados nos processos de fabricação; estimula novas aplicações para os materiais reciclados.

Ninguém mais se espanta ao saber que da garrafa PET é possível fazer uma vassoura, ou uma sacola que parece ser de tecido, mas não é. Ao contrário, comemoramos e aplaudimos todas as iniciativas de reaproveitamento de resíduos que, até bem pouco tempo atrás eram considerados lixo e descartados como lixo.

Quando a reciclagem vai ao encontro da solidariedade, tudo fica ainda melhor. É exatamente isso o que vem sendo feito por algumas empresas, com a adesão de seus colaboradores e consumidores.

Meias do Bem

A Puket, fabricante de meias e pijamas, com lojas e revendas da marca em todo o país, criou a Campanha Meias do Bem em 2013. O sucesso de então se repete anualmente: a produção de cobertores a partir da reciclagem de meias fora de uso.

Os consumidores são convidados a doar meias velhas, furadas, rasgadas e sem o par, nos pontos de troca indicados no site: www.meiasdobem.com.br. As meias podem ser de qualquer marca, com exceção daquelas meias longas, sociais, que não se prestam à reciclagem para a produção de cobertores.

Desde que o projeto foi iniciado, mais de 10 toneladas de resíduos têxteis foram transformadas em mais de 10 mil cobertores, que foram doados a instituições cadastradas pela Puket e a moradores de rua. 

A doação de meias velhas pode ser feita o ano todo. Mas, durante o mês de junho, outra ação solidária se junta à Campanha Meias do Bem. É a Campanha Inverno do Bem, que alia a compra de três pares de meia em qualquer loja Puket à doação que a empresa fará de outro par de meias novas para uma das instituições parceiras.

ReciclAzul

Entre maio de 2015 e abril de 2016, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras recolheu 7,4 toneladas de latinhas de alumínio a bordo de suas aeronaves. As latas foram vendidas e o valor apurado com a reciclagem possibilitou a compra de seis cadeiras de rodas que a empresa destinou a duas instituições para idosos na região de Campinas (SP).

As instituições foram escolhidas por indicação de colaboradores da Azul que trabalham como voluntários em Valinhos e Indaiatuba e pela própria relação da empresa com a região. O maior centro de operações da Azul fica em Viracopos (Campinas), onde, inclusive, nasceu o projeto ReciclAzul.

Segundo a empresa, em aproximadamente dois anos do programa, o ReciclAzul já ultrapassou a marca de 9,6 mil quilos de metais recolhidos. Em breve, o projeto que já está presente nos aeroportos de Campinas, Guarulhos e Confins (MG), será estendido para Recife.

Acolher

O Programa Acolher é uma iniciativa social liderada por colaboradores dos hotéis ibis, ibis Styles e ibis budget, da AccorHotels. Em 2014, o programa deu início a uma campanha de coleta de lacres de latas de alumínio. Logo, todos estavam juntando lacres: filhos e parentes dos colaboradores, colaboradores de outras marcas da empresa, fornecedores, amigos.

No final daquele ano, a totalidade dos lacres coletados rendeu o suficiente para a compra de 10 cadeiras de rodas que foram doadas a instituições assistenciais, também de acordo com a indicação dos colaboradores. Como a AccorHotels atua nacionalmente, as doações procuraram atender a instituições de todas as regiões do país. 

A campanha de 2015 seguiu os mesmos moldes, recebeu ainda mais adesão e resultou na compra de 12 cadeiras de rodas. Agora, em 2016, o Programa Acolher continua.

Com tais exemplos já dá para imaginar que, logo, a reciclagem vai ficar muito mais solidária. Ainda bem.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.