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Priscila Cruz


Priscila Cruz

O Brasil é de todas as cores - e a educação também!

23/11/2016 06h00

A escravidão foi abolida oficialmente no Brasil há apenas 128 anos. Pode até parecer muito tempo, mas, em termos históricos, não é. Sem contar que, para um país que tem 516 anos, isso é apenas um quarto da nossa história.

Ao longo de todos esses anos, os negros sofreram com o racismo nas mais diversas relações cotidianas. Sofreram e ainda sofrem. Casos recentes de comentários preconceituosos em redes sociais de artistas --como aconteceu com a atriz Taís Araújo, com a cantora Gaby Amarantos e com a filha adotiva de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank-- são absurdos e reveladores de como ainda discriminamos o outro pela cor da pele.

Acontece que, no Brasil, esse “outro” é a maioria da nossa população: aqueles que se declaram pretos e pardos somam 53% de todos os brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utiliza como critério a autodeclaração.

O racismo brasileiro resulta em menos oportunidades para pretos e pardos em todas as esferas da vida social --o que significa que essa parcela da população tem uma qualidade de vida inferior à dos brancos. Na educação não é diferente.

Um levantamento realizado pelo Todos Pela Educação com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad/IBGE) apontou as desigualdades educacionais que afetam essas pessoas desde os primeiros anos de vida (saiba mais em http://zip.net/bstxyD). Destaco aqui alguns dos principais dados:

- Na Educação Infantil, a diferença entre os percentuais de atendimento às crianças brancas e as declaradas pardas é de 7,5 pontos percentuais na creche e 3,8 na pré-escola;

- Enquanto 82,6% da população branca conclui o Ensino Fundamental até os 16 anos, essa taxa cai para 66,4% e 67,8% entre os declarados pretos e pardos, respectivamente;

- Entre os jovens de 15 a 17 anos que estão fora da escola, 9,6% e 58,7% são, respectivamente, pretos e pardos – ou seja, a maioria;

- Entre os brancos, a taxa de analfabetismo é de 5%, ao passo que tanto entre os pretos como entre os pardos ela supera 11%.

As consequências desses dados são, por exemplo, o fato de as populações preta e parda representarem 69% dos brasileiros que estão no quartil de renda mais baixo do país. Elas também têm uma renda familiar per capita de pouco mais da metade (55% e 56%, respectivamente) da renda da população declarada branca, além de serem mais atingidas pelo desemprego e pelo trabalho infantil.

Como pais, temos o compromisso de cultivar entre os nossos filhos o respeito à diversidade como um dos valores mais importantes da nossa sociedade. É importante verificar como a escola deles lida com esse tema tão fundamental! Um Brasil mais justo só será possível quando eliminarmos as desigualdades.

Que a Semana da Consciência Negra sirva como um momento de reflexão e empatia para todos nós.

Priscila Cruz