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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Não somos todos iguais, mas temos todos os mesmos direitos

14/12/2016 06h00

Educação atual reforça desigualdades entre brancos e negros, diz estudo

Cerca de 140 mil crianças com deficiência estão fora da escola

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A escola falhou se o aluno acha que menina é inferior, diz pesquisadora

As frases acima são manchetes publicadas nos últimos dois anos aqui no portal UOL, mas também ganharam bastante espaço em outros veículos. Todas elas dizem mais ou menos a mesma coisa: existem desigualdades claras na nossa sociedade que nosso sistema educacional não tem dado conta de reverter. Sim, porque as disparidades socioeconômicas explicam grande parte das diferenças de resultados educacionais, mas o que ajuda a explicar não deveria justificar.

Se a oferta de educação fosse de qualidade, esse efeito seria menor. Infelizmente, ainda não conseguimos garantir as melhores escolas e os melhores professores para as crianças mais pobres --que são as que mais precisam. Assim, elas continuam presas em um círculo vicioso de exclusão e pobreza. A educação é a única oportunidade para a maioria delas.

Há 68 anos, no dia 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), documento que consolida os direitos básicos de todo e qualquer indivíduo. O Brasil é um dos países signatários. (Leia o texto na íntegra no site da ONU)

A DUDH emergiu após a Segunda Guerra Mundial, um dos conflitos mais tristes da nossa história, que vitimou milhões de pessoas por xenofobia, racismo, preconceito religioso e outros tipos de discriminação. No entanto, não aprendemos tanto quanto deveríamos com as nossas próprias tragédias, já que continuamos a perpetuar disparidades sociais e a não evitar conflitos e outros genocídios.

Políticas públicas específicas para a população negra, para os povos indígenas, crianças e jovens com deficiência e/ou situação de vulnerabilidade social, tanto na educação como em outras áreas, são fundamentais. Cada um de nós tem suas especificidades, e algumas desigualdades são históricas. Elas precisam de atenção especial.

Nossa diversidade é linda e deve ser celebrada. Mas as diferenças de oportunidade devem ser obsessivamente combatidas! Na prática, isso significa dar maior atenção às populações mais vulneráveis, com ênfase na primeira infância. Proteger nossas crianças desde o início da vida e oferecer-lhes educação de qualidade e serviços de saúde e assistência social são as melhores maneiras de corrigir nossas desigualdades --e de vislumbrar nosso futuro.

Priscila Cruz