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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Educação: solução para as nossas desigualdades?

25/01/2017 04h00

Que o Brasil é um país profundamente desigual, todos nós já sabemos. Temos um histórico colonial, de muita exploração, que resultou em raízes profundas das quais ainda não conseguimos nos afastar, mesmo com os muitos progressos sociais das últimas décadas. Se antes o nosso problema era a exclusão da maior parte das crianças e jovens do sistema de ensino – a escola não era para todos, vocês se lembram? –, hoje estamos quase universalizando o acesso: 94,2% da população entre 4 e 17 anos está matriculada.

Mas e a qualidade da educação que esses alunos estão recebendo? Estar na escola é sinônimo de aprender? Infelizmente, não. Os resultados das avaliações nacionais mostram um baixo desempenho, especialmente no fim do Ensino Fundamental e no Médio, mas, ao mesmo tempo, não mostram a qualidade desse aprendizado. Que conteúdos o estudante deve dominar a cada etapa da sua escolaridade básica?

É por isso que o Todos Pela Educação criou a Meta 3: Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano. O objetivo é justamente colocar parâmetros na qualidade do ensino oferecido no Brasil. É uma forma de a sociedade defender as crianças e os jovens, pressionando o poder público para que eles tenham a melhor educação pública possível e, consequentemente, boas perspectivas de uma vida confortável no futuro.

Um país do tamanho do Brasil – o quinto maior do mundo – tem as mais diversas condições socioeconômicas que as médias escondem. É preciso olhar além dos números e enxergar as desigualdades de raça/cor, gênero, classe e local de moradia dessas crianças e desses jovens. Tais condições influenciam diretamente o desempenho escolar deles!

Entre as principais desigualdades que os dados de 2015 da Meta 3 mostram, destaco:

  • No 5º ano do Ensino Fundamental, observando o desempenho em Língua Portuguesa, enquanto 63% dos alunos brancos registraram aprendizado adequado na área, essa taxa foi de 41,5% para os alunos negros;
     
  • No 5º ano do Ensino Fundamental, em Matemática, enquanto 45,5% das crianças que residem na zona urbana do país apresentam aprendizado adequado, o mesmo índice cai para 23,1% na zona rural;
     
  • No 3º ano do Ensino Médio, enquanto 7,2% dos meninos concluem a etapa sabendo os conteúdos esperados de Matemática, apenas 5,6% das meninas estão na mesma situação.

Podemos ver que, além de muito baixos, os dados ainda guardam discrepâncias diversas. Temos de lembrar que eles incluem também a rede privada, e que, diferentemente do que muita gente pensa, a escola particular não é tão melhor que a pública.

Esses números se referem a nossas crianças e nossos jovens. São sujeitos, pessoas, cidadãos. Até quando deixaremos de nos indignar com o fato de uma criança nascida na zona rural do Maranhão não ter a mesma aprendizagem que aquela que vive no Sudeste, onde os índices são historicamente melhores? Somos uma nação!

Corrigir essas desigualdades é tarefa do poder público. Nós, como cidadãos, devemos cobrar! Acompanhar dados e resultados de avaliações da escola dos nossos filhos, bem como da rede municipal/estadual, é nosso dever. Garantir que as crianças saiam da escola sabendo os conteúdos adequados é garantir o futuro delas.

Acompanhe os dados da educação brasileira:

Todos Pela Educação: www.tpe.org.br

Observatório do PNE: http://www.observatoriodopne.org.br/

QEdu: http://www.qedu.org.br/

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): http://www.inep.gov.br/

Priscila Cruz