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Atentado em Boston - Terror volta a atacar nos Estados Unidos

A maratona de Boston é uma das mais tradicionais do mundo, sendo praticada ininterruptamente desde 1897 - Peter Farlow/Creative Commons
A maratona de Boston é uma das mais tradicionais do mundo, sendo praticada ininterruptamente desde 1897 Imagem: Peter Farlow/Creative Commons

José Renato Salatiel*

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Os Estados Unidos reviveram, na tarde do dia 15 de abril, o pânico diante de um ataque terrorista, o mais grave desde os atentados de 11 de setembro de 2001. A diferença é que a explosão de duas bombas que matou três pessoas – entre elas um menino de 8 anos – e feriu mais de 170, na maratona de Boston, foi obra de um “terror doméstico”.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

A maratona, uma das mais tradicionais do mundo, contava com a participação de 23 mil corredores. No dia seguinte (terça-feira), a polícia identificou dois suspeitos do atentado por meio de câmeras de vigilância. Durante uma semana, a região de Boston ficou praticamente parada em razão da caça aos suspeitos.

Os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, imigrantes da Tchetchênia, foram identificados como os responsáveis pelas explosões, que teriam sido executadas por motivos religiosos (eles são muçulmanos). Tamerlan, 26 anos, foi morto em confronto com a polícia na quinta-feira. Dzhokhar, 19 anos, foi ferido e preso no dia seguinte. Ele foi acusado de uso de armas de destruição em massa e pode ser condenado à pena de morte.

 

O atentado de Boston traz questões polêmicas nos Estados Unidos, como a imigração, o tratamento diferenciado a religiões e etnias, o terror doméstico e as relações do país com o Mundo Islâmico.

Ele também lembra o massacre de Oklahoma City, que deixou 168 mortos em 19 de abril de 1995. O americano Timothy McVeigh, pertencente a uma milícia de direita, foi condenado à morte pela ação e executado em 2001.

Em ambos os casos, tratou-se de um ato de terrorismo doméstico. A diferença é que os irmãos Tsarnaev são muçulmanos e, desde os ataques de 11 de setembro, o governo americano mantém um sistema legal diferenciado de detenção e punição para estrangeiros vindos de países islâmicos e acusados de terrorismo.

A questão é que Dzhokhar, o irmão preso pela polícia, está no país desde criança e possui cidadania americana. O tratamento que estaria recebendo, portanto, deve-se a sua origem étnica e orientação religiosa. Isso provoca discussões e críticas entre os americanos, além de instigar o ódio em nações islâmicas.

Rússia

Neste contexto, o ato terrorista remete ainda às lutas separatistas da região do Cáucaso do Norte, onde países de maioria islâmica buscam a independência da Rússia desde o fim dos regimes comunistas, no começo dos anos 1990. Trata-se de uma conexão inédita, pois até então as possíveis causas de ataques terroristas em solo americano apontavam para a política externa no Oriente Médio e no Afeganistão.

Os irmãos Tsarnaev são imigrantes da Tchetchênia, país que travou duas guerras contra a Rússia nos anos 1990 para tentar constituir um Estado independente. O caráter religioso dessas disputas nacionalistas atraiu grupos de extremistas islâmicos e o apoio de nações árabes. Os separatistas também passaram a cometer atentados, como o massacre da escola russa de Beslan, em 2004, que vitimou 344 pessoas.

A polícia americana suspeita que Tamerlan Tsarnaev, o irmão mais velho, morto na perseguição, tivesse recebido treinamento com extremistas durante uma viagem que fez à Rússia no ano passado. Os rebeldes separatistas dessa região negaram qualquer envolvimento com as explosões em Boston.

Imigração

O atentado aconteceu também em meio a uma discussão sobre a reforma das leis de imigração nos Estados Unidos, que tem como uma das metas regularizar a situação de 11 milhões de imigrantes, a maioria de origem hispânica.

O fato de os irmãos serem imigrantes – um deles com cidadania americana – serviu de argumentos para políticos e ativistas contrários à flexibilização das leis de imigração no país. No século 20, as primeiras legislações restringindo a entrada de imigrantes foram aprovadas após atentados promovidos por anarquistas de origem europeia, como o assassinato do presidente William McKinley, em 1901.

Nessa época, os ataques terroristas tinham motivações políticas e envolviam grupos radicais anarquistas e comunistas vindos da Europa. A problemática do debate sobre a imigração atual envolve diferenças étnicas, como a dos jovens envolvidos no atentado de Boston, alimentando o discurso contrário à reforma.

Visita do Papa

Por fim, as explosões em Boston serviram de alerta para o governo brasileiro, que organizará importantes eventos a partir deste ano: a Copa das Confederações e a visita do Papa Francisco, respectivamente em junho e julho, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Mesmo o país não tendo nenhum envolvimento em conflitos com radicais islâmicos, a “vitrine” desses megaeventos e o recebimento de delegações estrangeiras (alvos potenciais) colocam as autoridades em alerta.

Em princípio, qualquer país pode ser alvo dos terroristas. Por isso há equipes militares especializadas que trabalharão nesses eventos, protegendo locais como aeroportos, estádios e hotéis. Tudo para prevenir um terror que não tem endereço fixo.

Fique Ligado

O terrorismo volta a fazer vítimas nos Estados Unidos da América. Em que contexto se inserem as explosões de Boston? Antes de mais nada, é preciso ter claro o significado do terrorismo: da violência empregada a serviço de uma causa política (ou político-religiosa). A propósito, vale a pena conhecer as principais organizações terroristas que marcam ou marcaram o cenário político nas últimas décadas. Finalmente, levando em consideração a origem étnica dos envolvidos no atentado de Boston, é útil fazer uma revisão da situação da Tchetchênia.

 

Terrorismo

 

Terror e organizações terroristas

 

Tchetchênia

Direto ao ponto

Três pessoas morreram, entre elas um menino de 8 anos, e mais de 170 ficaram feridas na explosão de duas bombas na maratona de Boston, uma das mais tradicionais do mundo. O ataque foi o mais grave cometido em território americano desde os atentados de 11 de setembro de 2001 e envolve questões como o preconceito étnico e religioso, a reforma da imigração nos Estados Unidos e a relação do país com o mundo muçulmano.

 

Os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, imigrantes da Tchetchênia, foram apontados como os responsáveis pelas explosões. Tamerlan, 26, morreu em um tiroteio com a polícia, enquanto Dzhokhar, 19, foi ferido e preso. O atentado, segundo a polícia, teria motivação religiosa. Os irmãos são imigrantes da região do Cáucaso do Norte, onde países de maioria islâmica lutam desde os anos 1990 para se tornarem independentes da Rússia

 

Crimes dessa natureza, nos Estados Unidos, prejudicam a imagem dos imigrantes e das minorias religiosas. O ataque aconteceu em meio a um debate sobre a reforma das leis de imigração, que objetiva regularizar a situação dos imigrantes ilegais no país. No Brasil, os atentados terroristas deixaram as autoridades em alerta para a preparação de eventos como a visita do Papa Francisco, a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016).

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