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Farc - Atividade da guerrilha colombiana cria tensão na América do Sul

Manuela Martinez, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Criado sob o impacto da Revolução cubana, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) são um grupo guerrilheiro clandestino que ocupa cerca de 40% do território da Colômbia, principalmente as selvas e as planícies nas imediações da Cordilheira dos Andes. Sua atividade tem colocado em risco a paz na América do Sul.

Na primeira semana de março de 2008, tropas do Exército colombiano invadiram o espaço aéreo do Equador e mataram Raúl Reyes, considerado o segundo mais importante dirigente da guerrilha. A morte de Reyes e de outros 20 integrantes do grupo guerrilheiro, fundado em 1964, provocou muita tensão entre três países latino-americanos: a Colômbia, o Equador, que teve o seu espaço aéreo invadido, e a Venezuela, acusada pelos Estados Unidos de financiar as ações das Farc.

A crise somente terminou depois que o governo colombiano apresentou um pedido de desculpas públicas ao Equador, durante uma reunião emergencial realizada na República Dominicana envolvendo os presidentes dos três países.



Sequestros

Organizada por remanescentes de grupos de esquerda da Colômbia, as Farc adotaram nas últimas duas décadas e meia o sequestro como a sua principal estratégia para suas reivindicações. Em março de 2008, cerca de 700 reféns -entre os quais 44 políticos- estavam em poder do grupo, alguns deles com mais de dez anos de cativeiro.

A intenção da guerrilha é trocar os reféns políticos por cerca de 500 integrantes, que estão presos em Bogotá, a capital colombiana. Para garantir a execução de suas ações, as Farc contam com um poderoso "exército" - são pelo menos 17 mil combatentes bem treinados, que se movimentam pelo interior da Colômbia.

Em janeiro de 2008, após um exaustivo processo de negociação, as Farc aceitaram liberar duas reféns políticas: a ex-congressista Consuelo González, sequestrada no dia 10 de setembro de 2001 - um dia antes do atentado terrorista aos Estados Unidos -, e a ex-candidata a vice-presidente colombiana Clara Rojas. No entanto, até março de 2008, o maior trunfo dos guerrilheiros era a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt, sequestrada em fevereiro de 2002, que também tem nacionalidade francesa.



Organização terrorista

Para financiar todo esse aparato, as Farc recorrem às extorsões, venda de proteção aos plantadores de coca e à cobrança de impostos sobre o narcotráfico. Os guerrilheiros são implacáveis com os seus reféns -quase todos estão amarrados por correntes e somente podem tomar banhos em rios, em horários determinados.

A União Europeia e os Estados Unidos consideram as Farc como uma organização terrorista, por suas ações contra o governo, civis e infra-estrutura, e pressionam as autoridades colombianas para não dar trégua ao movimento.

Considerada a maior e mais antiga guerrilha da América do Sul, as Farc, uma organização de inspiração comunista, surgiram depois que o governo colombiano, no dia 27 de maio de 1964, autorizou o envio de soldados para o povoado de Marquetalia para reprimir 48 camponeses que reivindicavam um pedaço de terra para plantar. Quando perceberam a ação militar, os camponeses fugiram para as selvas e montanhas e criaram o núcleo que, anos mais tarde, ganharia milhares de adeptos.



Posição brasileira

O Brasil apoia o governo da Colômbia no combate à guerrilha. Em meio à crise diplomática envolvendo a Colômbia, o Equador e a Venezuela, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou, no Senado, que o Brasil não é favorável a um diálogo político com os dirigentes das Farc e impôs, como condição para uma eventual negociação, que a guerrilha libertasse todos os sequestrados.

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