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Protestos no Chile - Onda de manifestações estudantis sacode o país

José Renato Salatiel, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O governo do Chile enfrenta a maior onda de protestos estudantis desde o fim do regime militar (1973-1990). Iniciadas em 6 de junho, as manifestações vêm causando conflitos nas regiões metropolitanas de Santiago, capital de uma das economias mais prósperas da América Latina.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Os jovens querem melhorias na qualidade do ensino e acesso a universidades públicas. Eles conquistaram a adesão de sindicalistas, que convocaram greves gerais no país. Houve ocupações de escolas, universidades e greves de fome entre estudantes chilenos.

Em 2006, cerca de 790 mil alunos foram às ruas protestar contra o governo de Michelle Bachelet. O movimento ficou conhecido como a “revolução dos pinguins”, em referência aos uniformes usados por alunos do ensino secundário. A mobilização atual tem sido comparada com os movimentos estudantis em curso na Europa e no Oriente Médio.

No último dia 26 de agosto, o estudante Manuel Gutiérrez Reinoso, 16 anos, foi morto com um tiro no peito disparado por policiais durante uma marcha em Santiago. A tragédia comoveu a população e aumentou a tensão nas ruas.

A morte do jovem ocorreu no dia seguinte a uma greve geral de dois dias, convocada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores). A paralisação em apoio aos estudantes atingiu 80 setores, entre eles a indústria de mineração, uma das maiores fontes de riqueza do Chile.

Apesar do crescimento econômico recorde de 8,4% no primeiro semestre, os chilenos estão insatisfeitos com a má distribuição da renda no país. O desenvolvimento da economia nos últimos vinte anos concentrou a riqueza nas mãos de poucos.

Outro fator que contrasta com as condições econômicas favoráveis é o sistema educacional, elaborado nos anos 1980 durante a ditadura de Augusto Pinochet, uma das mais brutais do século 20.

No ensino superior, não há gratuidade nas universidades públicas e os estudantes terminam os cursos endividados e sem perspectivas quanto ao mercado de trabalho. Nas faculdades particulares, o ensino é caro e de má qualidade. Sem uma fiscalização mais rigorosa por parte do governo, os diplomas são comercializados indiscriminadamente nessas instituições.

Problemas semelhantes afetam o ensino secundário. A gestão das escolas foi passada do Estado para os municípios, resultando em escassos investimentos em infraestrutura. O terremoto do ano passado, um dos piores na história do Chile, agravou a situação. Escolas danificadas ainda não foram reconstruídas.
 

Reforma política

Para o ensino superior, a Confederação dos Estudantes do Chile (Confech) quer mais financiamentos para alunos de universidades públicas, mudanças no processo de admissão, ensino gratuito para os mais pobres e fiscalização em faculdades privadas, entre outras reivindicações.

As contrapropostas apresentadas pelo governo foram rejeitadas pela Confech, e as negociações seguem em impasse.

Com a população favorável aos estudantes, o governo do conservador Sebastián Piñera enfrenta uma crise de legitimidade. Piñera foi eleito em março do ano passado, em uma disputa apertada com a então presidente Michelle Bachelet, encerrando duas décadas de uma coalizão de centro-esquerda no poder.

Na ocasião do resgate dos 33 mineiros, há um ano, o líder contava com altos índices de popularidade junto ao povo chileno. Com os protestos dos estudantes, o governo acumulou os piores índices desde a redemocratização em 1990 – 29% de aprovação e 62% de rejeição.

A oposição, representada pelo Concertación – coligação partidária de Bachelet que governou o Chile por 20 anos – também perdeu o prestígio dos tempos da presidente, que terminou o mandato com a maior taxa de popularidade na América Latina (81%).

Mais do que as questões referentes ao sistema educacional, o Chile precisa, portanto, solucionar uma crise política. As divisões entre esquerda e direita não foram superadas pelo governo atual e os políticos perderam a confiança junto ao eleitorado.

Por esta razão, além da reforma na Educação, os chilenos apontam a necessidade de uma reforma na Constituição do país, outra herança da ditadura militar. Espera-se que essa reforma possibilite mudanças na política.

Direto ao ponto

O governo chileno enfrenta a maior onda de protestos estudantis desde o fim do regime militar (1973-1990). Iniciadas em 6 de junho, as manifestações causaram conflitos que provocaram a morte de um estudante de 16 anos, no dia 26 de agosto, e uma greve geral de dois dias que paralisou o país.

Os jovens reivindicam reformas no sistema educacional, com melhorias na qualidade do ensino e acesso a universidades públicas. No Chile, os alunos precisam pagar os estudos em universidades públicas, e as particulares são de péssima qualidade. O país é uma das economias mais prósperas da América Latina. Apesar disso, a má distribuição de renda e a deficiência no ensino geram insatisfação junto aos chilenos.

O terremoto do ano passado trouxe mais problemas ao povo. Sem conseguir um acordo com os estudantes, que têm apoio da população, o governo do conservador Sebastián Piñera vive uma crise política. Os índices de popularidade do governo são os mais baixos desde a redemocratização do país em 1990.

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