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Biologia

Hepatite - Vírus atacam células do fígado

Alice Dantas Brites

O nome "hepatite" é utilizado para designar processos degenerativos no fígado, que podem ter diversas origens. A hepatite pode ser causada por patógenos, como os vírus, ou por agentes tóxicos, como o álcool e alguns medicamentos. Dependendo do tipo de hepatite, ela pode representar uma ameaça maior ou menor à saúde humana.

A seguir, trataremos dos tipos mais comuns de hepatites virais, as hepatites A, B e C. Os vírus que atacam o fígado são chamados de hepatovírus. Eles se reproduzem no interior de células do fígado, chamadas de hepatócitos. O sistema imunológico do indivíduo contaminado passa a atacar e a destruir os hepatócitos contendo o vírus, dando início a um processo de inflamação no órgão.

Hepatite A

A hepatite do tipo "A" é transmitida pelo "vírus da hepatite A", ou HAV (da sigla em inglês para hepatitis A vírus). O contágio se dá através de água ou alimentos contaminados, ou do contato com fluídos de indivíduos doentes. Em regiões com condições precárias de saneamento básico, a hepatite A pode se tornar epidêmica.

O HAV pode se manter incubado por um período que varia de 10 a 50 dias. Neste período, apesar de o portador não apresentar sintomas, ele pode transmitir o vírus.

Os principais sintomas da hepatite A são: pele e olhos amarelados, vômitos, cansaço, urina com coloração escura e fezes esbranquiçadas. A hepatite A é considerada uma forma branda de hepatite e não resulta em consequências mais graves.

Não existe tratamento específico para a hepatite A. Este é realizado apenas com repouso e alimentação balanceada. Geralmente, o organismo se recupera após 4 a 15 semanas. O tempo de recuperação depende de características pessoais do indivíduo contaminado e da quantidade de vírus presente no organismo.

A prevenção da hepatite A inclui, principalmente, medidas de higiene pessoal, como lavar as mãos antes das refeições, e a ingestão de água e alimentos de origem confiável.

Hepatite B

A hepatite do tipo "B" é provocada pelo "vírus da hepatite B" ou HBV. O contágio se dá através do contato com sangue contaminado. Assim, a transmissão pode ocorrer, por exemplo, através de relações sexuais sem proteção, da transfusão de sangue contaminado e da utilização de materiais cirúrgicos e odontológicos não esterilizados. O HBV é resistente e pode sobreviver por até uma semana fora do hospedeiro, o que torna as chances de contágio ainda maiores.

A hepatite B pode levar a consequências graves, como insuficiência hepática, cirrose ou até mesmo câncer de fígado. O indivíduo portador pode passar anos sem apresentar sintomas, podendo, no entanto, transmitir o vírus.

A hepatite B pode ser aguda, fulminante ou crônica. A aguda refere-se às primeiras manifestações da doença. Os sintomas podem ser semelhantes aos da hepatite A, ou podem estar ausentes.

Em alguns casos, a reação do sistema imunológico é tão intensa que provoca a rápida destruição de uma grande quantidade de células do fígado. É a chamada hepatite B fulminante. Esta manifestação da hepatite B pode ser fatal se não for tratada a tempo.

Não existe tratamento específico para a hepatite B aguda. Assim como na hepatite A, a maioria dos pacientes adultos e sem outras doenças se recupera totalmente. A recuperação está relacionada com características individuais, como idade e estado de saúde, bem como com a quantidade de vírus presente no organismo.

No entanto, algumas pessoas não conseguem liquidar completamente o HBV e passam a ser portadoras crônicas da doença. É nestes casos que se corre o risco do desenvolvimento de doenças potencialmente fatais, como a cirrose e o câncer.

Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), ocorrem cerca de 1 milhão de mortes em decorrência das complicações da hepatite B crônica ao redor do mundo. O tratamento da hepatite B crônica é realizado por meio de medicamentos que dificultam a replicação viral.

A prevenção da hepatite B é realizada por meio de medidas que evitem o contato com o sangue contaminado, mas também utilizando uma vacina. A vacinação é recomendada para todas as crianças e adolescentes. Adultos que atuam em profissões nas quais entram em contato frequente com sangue - como médicos, dentistas, manicures e tatuadores - também devem ser vacinados.

Hepatite C

A hepatite do tipo "C" é provocada pelo "vírus da hepatite C" ou HCV. O contágio se dá através do contato com sangue contaminado pelo HCV. Suas formas de transmissão e sintomas são similares aos da hepatite B.

No entanto, a chance de desenvolvimento da forma crônica da hepatite C é muito maior do que na do tipo B. Assim, a probabilidade de consequências graves, como cirrose e câncer de fígado, são maiores neste tipo de hepatite.

Para a hepatite C ainda não existe vacina, pois o HCV apresenta uma alta taxa de mutação. Portanto, neste caso, a prevenção é a única forma de controle. O tratamento da hepatite C, assim como a da B, é realizado utilizando-se medicamentos que impedem a replicação viral.

Diagnóstico

O diagnóstico da hepatite é realizado principalmente através de exames laboratoriais. Alguns destes exames detectam a presença de enzimas hepáticas no sangue. A presença destas enzimas na corrente sanguínea indica que os hepatócitos estão sendo destruídos.

Porém, para avaliar se a hepatite é realmente viral, é indicada a realização de exames sorológicos. Esses exames detectam a presença no sangue de anticorpos anti-HAV, anti-HBV e anti-HCV. Em alguns casos, realiza-se a biópsia de fragmentos de tecido do fígado, a fim de se analisar o grau dos danos causados ao órgão.

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