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Ventos - Tipos de vento, massas de ar, frentes frias e brisa marítima

Maria Sílvia Abrão, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Sendo composto por átomos, organizados em diferentes grupamentos atômicos, formando uma mistura de gases, o ar ocupa lugar no espaço e tem massa, pois é matéria. Podemos perceber que o ar oferece resistência ao movimento dos corpos que nele estão imersos. Por exemplo, se andarmos de carro com a mão aberta, com a palma virada para a parte dianteira do carro, sentiremos que o ar está segurando a nossa mão, freando o corpo que tenta passar por ele.

Tendo massa, o ar tem uma força peso que exerce pressão sobre os corpos que envolve. A pressão exercida pelo ar é conhecida como pressão atmosférica. Podemos medir a pressão de uma determinada região com um instrumento conhecido como barômetro (baros = pressão; metros = medida). Quanto mais próximo do nível do mar, maior a pressão, pois existe uma camada de ar de maior espessura sobre essa região. Quanto mais alta a altitude menor será a pressão.

 

Correntes de ar

Ao cedermos energia térmica para qualquer corpo, aumentamos a agitação de seus grupamentos atômicos, que passam a se chocar com maior frequência e assim a ocupar mais espaço. No ar isso é facilmente percebido, pois ele se expande quando é aquecido, ocupa mais espaço e fica, assim, menos denso, ou seja, uma menor quantidade de grupamentos atômicos é encontrada em um mesmo volume.

Quando uma determinada quantidade de ar é aquecida, fica menos densa e sobe, deixando um espaço vazio no local onde estava. O ar frio adjacente tende a ocupar esse espaço vazio, formado-se dessa maneira as correntes de ar. Os ventos nada mais são do que ar em movimento.

Grandes extensões de ar, com propriedades praticamente uniformes, que permanecem estacionadas durante um período de tempo em uma determinada região, adquirindo qualidades daquela região, são conhecidas como massas de ar. Os deslocamentos das massas de ar são provocados pela diferença de pressão que, por sua vez, podem ser causadas pelas diferenças de temperaturas entre as regiões da superfície do globo terrestre.

 

Frentes frias e quentes

As massas de ar estão normalmente associadas a sistemas de baixa pressão (áreas receptoras de ventos) e alta pressão (áreas dispersoras de ventos). As regiões de baixa pressão caracterizam-se por ter temperaturas mais elevadas, uma grande instabilidade atmosférica, nebulosidade e precipitação elevada. As regiões de alta pressão caracterizam-se por ter temperaturas menores, não ter nebulosidade e estabilidade atmosférica.

Ao encontro de duas massas de ar com qualidades diferentes damos o nome de frentes. As frentes quentes ocorrem quando uma massa de ar quente empurra uma massa de ar frio. As massas de ar quente tendem a passar por cima das massas de ar frio e, na região de contato entre elas, ocorre a condensação da água (passagem da água em estado gasoso para o estado líquido) formando as nuvens e chuvas.

As frentes frias, mais densas, tendem a passar por baixo das massas de ar quente. Na região de contato entre elas, ocorre a condensação da água, mas nesse caso geralmente acontecem trovoadas e chuvas fortes.

 

Ventos constantes

A água demora a ganhar energia térmica (aquecer) e também demora a perdê-la, pois possui alto calor específico. O solo ganha e perde energia térmica rapidamente. Você já comparou a temperatura da água e do solo em uma praia nas diferentes horas do dia?

Por volta do meio dia, o solo está queimando os nossos pés, pois ganhou muita energia térmica do sol, enquanto a água está fresquinha, pois sua temperatura não foi capaz de variar muito com a quantidade de energia térmica recebida até aquele momento. Ao contrário, no final da tarde, o solo está frio, pois já perdeu toda energia térmica que havia recebido, e a água está quentinha, já tendo ganhado energia suficiente para se aquecer e ainda não foi capaz de perdê-la.

Durante o dia, a areia da praia aquecida aquece o ar que se encontra sobre solo. A massa de ar aquecida fica menos densa e sobe. O ar mais frio, que está sobre a água do mar, se desloca para ocupar o espaço vazio, deixado pela massa de ar que foi aquecida pelo solo. Esse deslocamento de ar do mar para o continente é conhecido como brisa marítima.

Durante a noite, a água do mar está mais quente que a areia da praia. Assim, o ar que se encontra sobre a massa d'água é aquecido, fica menos denso e sobe deixando espaço vazio. O ar mais frio, que está sobre o solo, vai ocupar o espaço vazio deixado pela massa de ar aquecida que subiu. A esse deslocamento de ar, do continente para o mar, damos o nome de brisa continental.

 

Ventos alísios e contra-alísios

O planeta Terra sofre um aquecimento diferenciado: na zona tropical o aquecimento e maior que na zona polar. Dessa forma o ar aquecido das regiões tropicais, menos denso, sobe na troposfera e caminha em direção aos pólos. Ao alcançar as camadas altas da atmosfera, o ar aquecido perde energia térmica, resfria e desce. O ar mais frio e, portanto, mais denso, proveniente das regiões polares desloca-se em direção a zona equatorial, para ocupar o lugar deixado pela massa de ar quente que subiu.

A esse movimento constante das massas de ar com aquecimento diferencial no globo terrestre damos o nome de ventos alísios e ventos contra-alísios. Os alísios são ventos úmidos, que sopram dos trópicos para o equador, provocando chuvas nesta região. Os ventos contra-alísios sopram do equador para os tópicos. São ventos secos que ocorrem ao longo dos trópicos onde se encontram os maiores desertos da Terra.

Essa circulação de ar não permanece sempre igual, muitos fatores podem complicá-la, mas ela estabelece distribuição da energia térmica absorvida pela superfície terrestre. Esse processo de distribuição leva para as zonas temperadas o ar resfriado nos pólos e aquecido no equador.

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