Topo

Espanhol

Espanhol e diferenças nacionais (1) - Espanhol está sujeito a usos diversos

Claudine U. Whitton, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Boa parte dos estudantes pergunta ao professor, especialmente aquele não nativo, sobre qual "espanhol" está aprendendo: da Espanha ou da Argentina?


Para esclarecer esse panorama, por vezes nebuloso, conheça algumas características importantes que funcionam como marca registrada do espanhol nos dois países em questão.

PaísFonética/PronúnciaMorfologia
Argentina

y, ll (som de x ou j)

Ex.: Yo vivo en la calle

Uso do pronome vos (na linguagem informal) no lugar do pronome tú.

Ex.: ¿Tenés hermanos?

Espanha

y, ll (som semelhante ao da letra i ou j bem leve)

c, z (som interdental, como se fosse o de uma língua presa).

Uso do pronome vosotros (na linguagem informal) em vez de ustedes, usado na lingagem formal.

Ex.: ¿Vais a la fiesta?

Erro recorrente entre os estudantes é comunicar-se misturando pronomes (tú e usted) e conjugações, formando frases como "Mi madre estás bien".

Já em relação aos pronomes no plural (vosotros e ustedes) os erros são menos frequentes devido à relação que se faz entre os pronomes ustedes (espanhol) e eles (português).

Que tal entender melhor os pronomes?

 

Tú ou Vos?

"Voseo" é um fenômeno linguístico da língua espanhola e marca registrada do espanhol falado na Argentina, Uruguai e Paraguai que faz uso do pronome «vos», (derivado de vosotros) na 2a. pessoa do singular, no lugar do pronome tu.


Estima-se que o número de pessoas que usam «vos» no lugar de «tú» seja 30% do total dos hispanohablantes.

 

Como surgiu

No castelhano antigo, se distinguiam exclusivamente duas formas: tú e vos, sendo que tú se empregava no singular e vos no plural e para falar com respeito a somente uma pessoa, como acontece na língua francesa com tu e vous, e, de certa forma, também na língua portuguesa, embora quase não se use o vós no Brasil.


O surgimento do pronome usted (de vuestra merced), acabou levando a migrações pronominais regionais, iniciadas na própria Espanha e espalhada pelos países conquistados na América. Na prática, a conjugação dos verbos e a escolha por um ou outro pronome (no singular e no plural) funciona como mostra o quadro abaixo:

VerboTú (Espanha e outros países)Vos (Argentina)Vosostros (Espanha)Usted
hablarhablashabláshabláishabla
comercomescoméscoméiscome
poderpuedespodéspodéispuede
vivirvivesvivisvivísvive
venirvienesvenísvenísviene
sereressossoises
errarerraserráserráiserra
hacerhaceshacéshacéishace
irvasvasvaisva

Cabe ressaltar que não há certo ou errado, melhor ou pior em se tratando do espanhol falado na Argentina, na Espanha ou nos tantos outros países que aqui não foram mencionados. Essas variações são ricas e igualmente interessantes.

Leia o texto abaixo, de um grande escritor mexicano, que corrobora essa visão.

Nuestra lengua

Octavio Paz

Para todos los hombres y mujeres de habla castellana la experiencia de pertenecer a una comunidad linguística está unida a otra: esa comunidad se extiende más allá de las fronteras nacionales. Trátese de un argentino o de un español, de un chileno o de un mexicano, todos sabemos desde nuestra niñez que nuestra lengua nacional es también la de otras naciones. Y hay algo más y no menos decisivo: nuestra lengua nació en otro continente, en España, hace muchos siglos. El castellano no solo trasciende las fronteras geográficas sino las históricas: se hablaba antes de que nosotros, los hispanoamericanos, tuviésemos existencia histórica definida.En cierto modo, la lengua nos fundó o, al menos, hizo posible nuestro nacimiento como naciones. Sin ella, nuestros pueblos no existirían o serian algo muy distinto a lo que son.

El español del siglo XX, el que se habla y se escribe en Hispanoamérica y en España, es muchos españoles, cada uno distinto y único, con su genio propio; no obstante, es el mismo en Sevilla, Santiago o La Habana. No es muchos arboles: es un solo árbol pero inmenso, con un follaje rico y variado, bajo el que verdean y florecen muchas ramas y ramajes. Cada uno de nosotros, los que hablamos español, es una hoja de ese árbol.
El idioma que hablan los argentinos no es menos legítimo que el de los españoles, los peruanos, los venezolanos o los cubanos. Aunque todas esas hablas tienen características propias, sus singularidades y sus modismos se resuelven al fin en unidad. El idioma vive en perpetuo cambio y movimiento; esos cambios aseguran su continuidad y ese movimiento su permanencia. Gracias a sus variaciones, el español sigue siendo una lengua universal, capaz de albergar las singularidades y el genio de muchos pueblos.

Extraído de La Jornada, México, martes 8 de abril de 1997

Espanhol