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História geral

Bálcãs - 2ª Guerra Mundial - Da partilha sob os nazistas a Josip Broz Tito

Érica Turci

A fundação do Reino da Iugoslávia, em 1929, foi uma tentativa de encobrir e controlar as inúmeras e profundas diferenças da região dos Bálcãs, procurando reunir "os eslavos do sul" num único Estado. Mas essa unificação se mostrou impossível ao longo do tempo, pois os diversos povos da região não esqueceram suas antigas rivalidades.

Em 1939, o rei Alexandre 1º (sérvio) foi assassinado por um nacionalista croata, e o príncipe Paulo assumiu como regente. Para complicar a situação, nesse mesmo ano estourou a Segunda Guerra Mundial - e em 1941 o governo da Iugoslávia se rendeu à Alemanha. Não aceitando tal situação, a população se rebelou, principalmente em Belgrado (Sérvia), o que levou a um maciço bombardeio dos alemães sobre a região e à fuga da família real para Londres.

Divisão e rancores nacionalistas

O Reino da Iugoslávia foi vencido e seu território dividido entre os países do Eixo. O croata defensor do nazifascismo, Ante Pavelic, passou a governar a Croácia, estabelecendo um governo pró-Alemanha, além de anexar grande parte da Bósnia-Herzegovina.

A Eslovênia foi dividida entre alemães e italianos; a Sérvia foi ocupada por alemães; Montenegro, Kosovo, Dalmácia (na Croácia) e parte da Macedônia foram dominadas pela Itália; Voivodina foi entregue à Hungria. Ao mesmo tempo, vários conflitos étnicos varreram a região: sérvios, croatas, albaneses e bósnios aproveitaram a situação e deixaram florescer seus rancores nacionalistas - mais de 1 milhão de pessoas foram assassinadas.

Na luta contra a ocupação do Eixo, dois grupos da resistência eslava se destacaram: os "chetniks", liderados pelo sérvio Draza Mihaïlovic, que eram hostis às outras nações eslavas; e os "partisans", do croata Josip Broz, líder comunista conhecido como Tito, e que tinha como princípio a não exclusão étnica praticada pelos "chetniks".

Tito recebeu apoio tanto de soviéticos quanto de ingleses, e dessa forma conseguiu expulsar as tropas do Eixo. Em outubro de 1945, com o final da guerra, a Assembleia recém-formada proclamou o nascimento da República Popular Federativa da Iugoslávia, declarando Tito seu governante e adotando o modelo socialista de governo, com o apoio da URSS.

Tito e a nova Iugoslávia

A República Iugoslava foi formada por 6 repúblicas federativas (Eslovênia, Sérvia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia) e 2 regiões autônomas (Voivodina e Kosovo, na Sérvia), com suas 2 nacionalidades reconhecidas (húngara e albanesa, respectivamente), sendo que cada uma das unidades da federação tinha certa autonomia em seus assuntos internos, inclusive com presidentes próprios.

Nessa nova organização política, a Sérvia perdia todo o controle que detinha anteriormente: passava a ser um república como as outras 5 e teria que aceitar a diminuição de seu controle sobre Kosovo e Voivodina.

O carisma e a autoridade de Tito garantiram que as rivalidades entre os eslavos ficassem em segundo plano. A repressão do governo a qualquer movimento étnico nacionalista foi violenta. E como só existia um partido, a Liga dos Comunistas da Iugoslávia, a imposição do ideal socialista acima das questões nacionais abrandou as tensões internas.

Em plena Guerra Fria, Tito queria para a Iugoslávia um governo socialista diferente da URSS. Nas suas palavras: "Conciliar socialismo e liberdade". Surgiu daí um novo modelo socialista, chamado de titismo. Tal postura acabou levando ao rompimento entre Tito e Stálin (ditador soviético), em 1948. A Iugoslávia passou a ser, então, o único país do Leste Europeu aberto a negociações com o ocidente capitalista, além de liderar, junto com a Índia, a Indonésia e o Egito, o bloco dos países não-alinhados.

Os investimentos que começaram a chegar do ocidente, principalmente dos EUA, permitiram a Tito reconstruir seu país, o que foi uma forma de amenizar as discórdias entre os eslavos.

A Iugoslávia passou a ser vista como um modelo de regime socialista no mundo. Mas isso só foi possível graças à grande censura exercida pelo titismo. Na realidade, as coisas não estavam bem e iriam piorar depois da morte do grande líder Tito.

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