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História geral

Ferdinando Marcos (1) - Ex-ditador filipino governou por 21 anos

Túlio Vilela

Num certo país de Terceiro Mundo, o povo vai às urnas para eleger seu novo presidente. Durante a campanha eleitoral, o candidato vitorioso promete melhorar as condições de vida das famílias pobres. O presidente eleito toma posse e, apesar das várias denúncias de corrupção por parte da oposição, cumpre o mandato com um saldo positivo: a economia do país cresce, o que é atestado pelo aumento tanto na produção agrícola como na produção industrial.

Esse saldo positivo garante a reeleição do presidente. A constituição não permite que o presidente reeleito concorra a um terceiro mandato. Uma nova constituição é promulgada, permitindo ao presidente exercer um terceiro mandato por tempo indefinido.

Essa história aconteceu nas Filipinas e o presidente de que estamos falando é Ferdinando Marcos, que governou o seu país durante 21 anos, estabelecendo uma das ditaduras mais longas do século 20 e um dos governos mais corruptos da história. Aconteceu nas Filipinas, mas poderia ter acontecido em qualquer outro país em desenvolvimento.

Para entendermos melhor as condições que favoreceram a chegada de Ferdinando Marcos ao poder, faremos um rápido retrospecto da história das Filipinas.

Filipinas: longa história de não-independência

As Filipinas são um arquipélago da Ásia, formado por pouco mais de 7 mil ilhas, divididas em três grupos: Luzon, no norte; Visayas, no centro, e Mindanao, no sul. No século 16, o navegador português Fernão de Magalhães, que viajava a serviço do reino da Espanha, chegou à região, dando início ao domínio espanhol nas Filipinas.

A forte presença do catolicismo e os nomes hispânicos são exemplos da herança cultural deixada pelos colonizadores espanhóis nas Filipinas. No dia 12 de junho de 1898, o general Emílio Aguinaldo declarou a independência do país ao proclamar a primeira República das Filipinas.

A independência, porém, não durou muito: naquele mesmo ano, as Filipinas deixaram de ser uma possessão espanhola para se tornarem um "protetorado" dos Estados Unidos, em razão do Tratado de Paris.

Esse tratado foi assinado em decorrência da derrota espanhola para os Estados Unidos na Guerra Hispano-Americana, que resultou no reconhecimento por parte da Espanha da independência formal de Cuba. Além disso, o governo americano passou a controlar várias possessões espanholas na região do Caribe e no oceano Pacífico.

Segunda Guerra

Durante a Segunda Guerra Mundial, as Filipinas foram invadidas e ocupadas pelos japoneses. A ocupação japonesa trouxe grande sofrimento para a população, o que explica por que os filipinos preferiram aliar-se aos americanos, resistindo aos invasores japoneses.

Após a derrota definitiva do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945, as Filipinas deixaram de ser um protetorado americano para se tornarem uma república independente.

Formalmente, as Filipinas eram um Estado soberano, mas, na prática, a tutela americana continuava, pois 23 bases militares americanas foram mantidas no arquipélago filipino.

Ferdinando Marcos

Ferdinando Marcos nasceu em 1917 na pequena cidade filipina de Sarrat. Em 1939, enquanto estudava direito na Universidade das Filipinas, Marcos foi acusado do assassinato de Julio Nalundasan, o homem que duas vezes derrotou seu pai, Mariano Marcos, na disputa por um assento no Parlamento filipino (as Filipinas tinham um Parlamento próprio, apesar da condição de protetorado dos EUA).

A justiça filipina julgou Ferdinando Marcos culpado e o condenou à prisão. Enquanto ainda estava na prisão, Marcos realizou o exame final para poder exercer a advocacia e obteve uma das notas mais altas. Em 1940, ele foi absolvido da acusação de assassinato após ter apelado, levando o seu caso ao Supremo Tribunal, diante do qual realizou sua própria defesa.

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