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História geral

Igreja católica - Na Idade Média, essa instituição ganhou força política

Fernanda Machado, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

(Atualizado em 13/12/2013, às 17h18)

Para podermos compreender bem o que foi a Idade Média (476 a 1453) é necessário conhecer como a Igreja católica se desenvolveu nesse período. Foi durante os 10 séculos que se costuma chamar de "Idade Média" que o poder dessa instituição religiosa, juntamente com a fé cristã, cresceu e expandiu-se de maneira colossal.

A Igreja católica se baseia no cristianismo, a crença em Jesus Cristo, um homem que afirmava ser enviado pelo criador do mundo, Deus, para falar à humanidade. Ela surgiu no século 1 da nossa era, sendo o calendário cristão definido pelo ano que se supõe ser o nascimento de Jesus. O calendário oficial de todo o mundo ocidental até os nossos dias é o calendário cristão. Os contemporâneos de Jesus Cristo, que acreditaram nas suas palavras, passaram a espalhar essas ideias, contando os fatos de sua vida. Eles angariaram seguidores, cujo número foi crescendo ao longo dos séculos seguintes.

Conquistando cada vez mais adeptos à sua crença, os cristãos foram barbaramente perseguidos durante 300 anos. No entanto, a uma certa altura, foram aceitos pelo Império Romano, até então seu maior inimigo. Já nas últimas décadas antes do seu fim, este Império tornou o cristianismo a religião oficial dos romanos, proibindo outras crenças e rituais de serem praticados.

Igreja católica apostólica romana

A partir do século 4, com o Imperador Constantino, começaram a ser definidos os ritos cristãos pelos líderes dessa igreja. Havia cinco patriarcas ou bispos espalhados nas principais cidades do Império Romano. Esses patriarcas diziam-se herdeiros dos apóstolos de Cristo e, a partir do século seguinte, definiu-se que o bispo de Roma seria o mais importante deles, chamado de Papa, o vigário de Deus na Terra, pai de todos os cristãos. Assim, com o estabelecimento das normas da religião cristã, passou a se afirmar essa Igreja como católica (que significa universal, devendo ser expandida para todos), apostólica e romana.

É interessante constatarmos que a Igreja católica se constituiu como uma instituição no Império Romano. Mas, ainda que tenha sido fortalecida pelos últimos imperadores de Roma, sobreviveu à sua queda, em 476, e foi adquirindo cada vez mais poder e prestígio durante a Idade Média.

Esse poder continuou ganhando força ao longo dos séculos e alguns fatores ajudam a explicá-lo. Primeiramente, durante o Império Carolíngeo (séculos 8 e 9), a Igreja católica foi privilegiada com a concessão de um amplo território. O Império Carolíngeo iniciou-se com o domínio do norte da Europa pelos francos, numa política expansionista em direção a todo o continente europeu. Pepino, o Breve, que iniciou a dinastia Carolíngea, derrotando a dinastia anterior (Merovíngia - séculos 6 a 8), conquistou terras na Península Itálica e doou-as para o Papa, constituindo-se, assim, os Estados papais.

Poder e riqueza da Igreja Católica

A partir do século 10, com a desagregação política que caracterizou a Idade Média, sem um poder centralizador no continente europeu que comandasse os diversos povos que nele viviam, a Igreja Católica obteve espaço para ir expandindo cada vez seu "império da fé". Assim, acreditar em Cristo pressupunha uma série de regras que todo indivíduo deveria seguir para merecer um lugar após a sua morte no Paraíso celeste, ao lado de Deus.

Objetivando fazer os povos merecerem esse lugar no Paraíso, a Igreja instruía os fiéis a não pecarem, obedecendo aos mandamentos divinos e fazendo caridade. Essa caridade, por sua vez, além da ajuda ao próximo, também estavam diretamente relacionadas à doação de bens para a Igreja Católica, a fim de ajudá-la a prosseguir em sua missão.

Os nobres, então, como forma de se livrarem do que a religião considerava seus pecados terrenos, deveriam doar à Igreja bens materiais, como dinheiro, terras e riquezas. Portanto, o crescimento do poder dessa instituição e o tamanho de sua fortuna estão diretamente relacionados com a capacidade que a Igreja tinha de fazer com que os fiéis acreditassem nas verdades que ela pregava. Mais do que acreditar nelas, os fiéis deveriam temer a ira divina e o risco de queimarem no fogo do Inferno após a morte.

Mas como a Igreja fazia os povos acreditarem nisso e a obedecerem? Em primeiro lugar, não foi fácil o processo de definição sobre quais práticas cristãs eram certas ou erradas. Desde o século 4, sob o Imperador romano Constantino, começaram a definir-se os dogmas, com o Concílio de Nicéa, realizado em 325. Os dogmas são as verdades inquestionáveis que norteiam os católicos. No decorrer dos séculos, outros dogmas foram sendo criados, alguns foram reafirmados, outros negados.

Separação e perseguição: A Igreja Ortodoxa

Contudo, nesse processo, ainda no século 11, as discordâncias entre o clero estavam longe de ter fim. Foi isso que motivou o Cisma do Oriente em 1054, ou seja, a separação entre a Igreja católica de Roma e a Igreja católica do Oriente, que abrangia Constantinopla, Grécia e Ásia Menor. Discordando da adoração de imagens de santos e figuras divinas, a ala oriental da Igreja Católica fundou uma nova prática cristã com a Igreja católica ortodoxa grega. Essa é uma religião existente até hoje, com algumas crenças e rituais diferentes da Igreja católica romana.

Assim, ao irem se definindo as crenças e práticas que os cristãos deveriam obedecer, a Igreja romana passou a perseguir os que não compartilhavam dessa postura. A tentativa de controlar as mentes das populações sob seu domínio, aumentando seu poder de influência e sua riqueza, fez com que a Igreja Católica usasse de todos os meios para se impor.

Um desses meios foi a própria doutrinação religiosa. Como as pessoas eram proibidas de terem outras religiões que não a católica, frequentar os cultos nas igrejas e praticar os ritos católicos eram as únicas manifestações culturais permitidas. As igrejas, como templos de Deus, funcionavam como um meio das pessoas serem instruídas na fé e temerem a ira divina sobre aqueles que pecavam.

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