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História geral

Império mongol (2) - Temudjin elimina rivais e torna-se Genghis Khan

Túlio Vilela

Após a eliminação de Jamuka e de outros rivais, Temudjin consolidou sua liderança sobre as várias tribos mongóis.Em 1206, uma assembleia entre os vários chefes das tribos das estepes proclamou Temudjin chefe de todos os chefes. Foi quando ele recebeu o título de Chingis Khan ("Genghis Khan" é a versão persa do nome, que ficou mais famosa porque os mais antigos relatos a seu respeito foram feitos pelos persas).

Isso significou a unificação dos mongóis, ou seja, pela primeira vez, os mongóis tinham um líder que estava acima de todos os chefes tribais e passaram a ter as mesmas leis e a estarem unidos em um só exército. O serviço militar tornou-se obrigatório e qualquer adolescente que tivesse idade o bastante para começar a se barbear era obrigado a servir no exército mongol.

Genghis Khan inciou novas campanhas militares, invadindo terras estrangeiras com o objetivo de saquear, obter terras e escravizar. Durante essas campanhas, demonstrou ser brilhante estrategista militar. Exigia que seus soldados fossem ao mesmo tempo ótimos cavaleiros e ótimos arqueiros. Para isso, eles eram treinados para manejar o arco enquanto cavalgavam. Fazia parte desse treinamento aprender a disparar a flecha no momento em que aparentemente todas as quatro patas do cavalo estivessem no ar.

A Grande Muralha da China

No ano de 1207, o exército de Genghis Khan atravessou a Grande Muralha contornando-a e chegando à China, que estava dividida após a queda da dinastia Tang: o norte do país era governado pela dinastia Jin enquanto o sul era governado pela dinastia Song. Na parte do país governada pelos Jin, o que atraiu o interesse de Genghis Khan foram as plantações de arroz e as riquezas da capital, Zhongdu (atual Pequim).

Estima-se que na época a cidade já era habitada por cerca de um milhão de pessoas. Apesar das muralhas com mais de dez metros de altura que cercavam a capital, em 1215, o exército de Genghis Khan conseguiu invadir a cidade. Inicialmente, as técnicas de combate usadas em campo aberto, nas estepes, se mostraram inúteis naquela ocasião.

Para conquistar Zhongdu, Genghis Khan precisou adotar outro tipo de estratégia: com paciência, acampou seu exército, cercou a cidade e impediu que os suprimentos chegassem à cidade, usando-os para suprir seu próprio exército. Ordenou a construção de catapultas, projetadas por engenheiros chineses que se aliaram aos mongóis. Quase tudo foi destruído. Os soldados mataram quase todos os homens que viviam na cidade e levaram as mulheres.

Mongóis contra muçulmanos

Após as invasões ao território chinês, Genghis Khan se envolveu numa guerra com o império turco muçulmano de Khwarazm, no norte da Pérsia (atual Irã). Esse outro império era governado pelo sultão Maomé 2º. O sultão acusou os mongóis de assaltarem as caravanas turcas que voltavam da China. Genghis Khan enviou uma missão diplomática à Pérsia para tentar resolver a questão.

Maomé 2º ordenou que os membros da missão diplomática fossem mortos e enviou um mensageiro à Genghis Khan. O imperador mongol recebeu o mensageiro que trazia algo inesperado: a cabeça de um dos generais que fazia parte da missão diplomática. A vingança foi terrível. Genghis Khan ordenou o ataque de várias cidades do reino muçulmano, o que custou milhares de vida para o lado adversário e ajudou a expandir ainda mais as fronteiras do império mongol. O sultão fugiu e morreu doente num esconderijo.

A morte de Genghis Khan

No ano de 1227, enquanto o exército mongol conquistava cidades no sul da Rússia, Genghis Khan, que estava no nordeste da China, foi acometido por uma febre alta. Não se sabe ao certo o que teria causado essa febre (uma das hipóteses levantadas é que tenha sido malária). Genghis Khan não resistiu e acabou morrendo. Sua última vontade foi atendida: seus restos mortais foram levados para serem sepultados em sua terra natal.

Segundo uma lenda, para impedir que o túmulo de Genghis Khan fosse violado, os coveiros e todos que tiveram o azar de passar pelo cortejo foram mortos pelos guardas para que o local do sepultamento permanecessem em segredo. Os próprios guardas teriam sido mortos ao regressarem para casa.

Recentemente, arqueólogos norte-americanos encontraram na Mongólia uma série de túmulos de pedra a pouco mais de trezentos quilômetros da Ulan Bator, atual capital da Mongólia. Acredita-se que um desses túmulos seja o de Genghis Khan. Após sua morte, o império de Genghis Khan foi dividido entre seus herdeiros. Nenhum dos reinos surgidos dessa divisão teve existência muito longa.

Genghis Khan: "herói nacional"?

Apesar da merecida fama de sanguinário, outros aspectos de Genghis Khan tem recebido a atenção dos historiadores. Um deles é justamente a tolerância religiosa e étnica que existiu dentro das fronteiras de seu império. Para Genghis Khan, não interessava a religião ou a origem étnica de seus súditos, desde que eles pagassem os pesados impostos. O mesmo valia para o seu exército, qualquer um, independentemente da crença ou da "raça", que mostrasse competência tinha seu talento reconhecido.

Na atual Mongólia, Genghis Khan é considerado "herói nacional", o "pai da nação". Na China, sua figura ainda é motivo de controvérsias. Em 1279, um dos netos de Genghis Khan, Kublai Khan, tornou-se imperador da China, onde adotou o nome de Yuan. Em todo caso, é inegável que os invasores mongóis assimilaram muitos aspectos da cultura chinesa e que seus próprios descendentes eram chineses, fazendo parte da história da China.

Por fim, uma curiosidade: pesquisas realizadas por cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, descobriram que cerca de 16 milhões de indivíduos do sexo masculino são descendentes dos antigos chefes mongóis. Ao que tudo indica, todos esses indivíduos são descendentes de um mesmo homem. Suspeita-se que esse homem seja Genghis Khan. O que não seria de surpreender se considerarmos que o imperador mongol teve vários filhos fora do casamento. Filhos esses que eram considerados "ilegítimos", portanto, sem direito à sucessão.

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