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História geral

Primeira Guerra Púnica - Conflito durou 23 anos

Érica Turci

Quando a Magna Grécia passou para o controle romano (272 a.C.), Roma se tornou concorrente de Cartago no comércio mediterrânico, o que criou um ambiente favorável à guerra entre as duas potências; conflito, inclusive, desejado pelos ricos comerciantes de ambos os lados, que viam, na derrota da civilização rival, a possibilidade de ampliar seus negócios.

E foi na Sicília que ocorreu o pretexto para o início das hostilidades.

A Questão de Messana

Em 279 a.C., romanos e cartagineses tinham firmado um acordo comercial que estabelecia o estreito de Messina (que liga a Sicília à península italiana) como o limite entre as respectivas regiões de influência.

Mas em 289 a. C., Messana (cidade da Sicília que ficava no estreito de Messina) foi invadida pelos samnios (povo italiano) e pediu socorro aos cartagineses, que acabaram tomando a cidade. Tal feito foi visto pelos romanos como uma violação do acordo.

O controle de Messana era importante para os cartagineses, pois eles acreditavam que, mantendo a cidade sob seu poder, poderiam neutralizar o avanço militar romano e o poder econômico da Magna Grécia. Quanto aos romanos, sequer cogitavam a possibilidade de perder a região, pois sabiam que ela era estratégica para garantir sua livre navegação e seu comércio no Mediterrâneo.

Assim, dizendo-se ultrajados, os romanos enviaram tropas para a Sicília (264 a.C.): foi o início da 1ª Guerra Púnica.

Anos de conflito

As primeiras batalhas ocorreram na Sicília, o que deu vantagem inicial para os cartagineses, que possuíam uma grande marinha de guerra. Mas os romanos, com a ajuda dos gregos, construíram, em dois meses, uma grande frota - e desenvolveram um recurso inovador: em suas embarcações, construíram pontes que, durante as batalhas, levavam os soldados até a embarcação inimiga. Assim, os romanos, sem ter habilidades nas guerras marítimas, travaram combates corpo a corpo em pleno mar.

Os cartagineses foram derrotados em várias batalhas travadas no litoral da Sicília e tiveram que recuar para o oeste da ilha. Em 256 a.C. os romanos desembarcaram na África: pela primeira vez tropas romanas faziam guerra fora da Itália.

Os romanos devastaram boa parte do território cartaginês. Mas, ao tentarem tomar a cidade de Cartago, foram surpreendidos por um enorme exército de mercenários recém-contratados e tiveram que abandonar a África. Desse momento em diante, Roma passou a se concentrar nas batalhas na Sicília.

Entre 249 e 241 a.C. os cartagineses, sob a liderança de Amílcar Barca, obtiveram uma série de vitórias sobre os romanos, mas em 241 a.C, Lutácio Catulo, general romano, conseguiu impor sérias derrotas aos cartagineses.

Os dois lados estavam exaustos após tantos anos de guerra. Por isso, Amílcar Barca aceitou negociar a paz com os romanos. No tratado assinado em 241 a.C., os cartagineses concordaram em pagar um tributo de 3.200 talentos (moeda da época) em dez anos, abandonar todas as suas possessões na Sicília, entregar todos os prisioneiros de guerra e destruir grande parte de sua frota.

Conseqüências

Cartago

Após evacuarem a Sicília, os cartagineses tiveram que enfrentar um sério problema: uma revolta de soldados mercenários (que reclamavam os salários não pagos) e dos líbios e númidas (que tinham sido explorados ao longo da guerra). Essa rebelião durou três anos e foi massacrada por Amílcar Barca.

Em seguida, Amílcar foi encarregado da ampliação do controle cartaginês sobre a Hispania (atual Espanha), para dali retirar recursos à reestruturação econômica de Cartago.

Roma

A vitória sobre Cartago trouxe para Roma inúmeras mudanças. A Sicília se transformou na primeira província romana, seguida pela Sardenha e pela Córsega. A política externa romana tornou-se mais agressiva, ampliando a influência de Roma no mar Mediterrâneo e aumentando ainda mais as mercadorias e os escravos que chegavam à Itália.

A legislação romana foi aos poucos alterada, tanto para atender os interesses do Partido Popular, controlado pelos comerciantes, quanto para organizar a administração das novas províncias conquistadas.

Roma passava, aos poucos, a formar o império que viria a controlar grande parte do mundo conhecido naquela época.

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