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História geral

Roma antiga - Origens - Costumes, cultura, cidadania e direito

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

(Atualizado em 09/05/2014, às 16h25)

Ao ler este texto, em língua portuguesa, você já está se revelando um herdeiro da antiga civilização romana. O português, assim como o espanhol, o francês, o italiano e o romeno são línguas que se originaram do latim - a língua dos antigos romanos. Mas a herança que Roma nos deixou vai além das línguas neolatinas. Os romanos também transmitiram as culturas grega e oriental aos povos bárbaros e à civilização da Idade Média, que, por sua vez, a transmitiram ao mundo moderno e contemporâneo.

Roma nos deixou ainda uma série de ensinamentos notáveis no campo da política (a ideia de República), e do direito (o direito romano é a base da ciência jurídica da maioria dos povos contemporâneos). Além disso, no âmbito da arquitetura e do sistema de administração municipal, bem como a organização da Igreja católica - que modelou o mundo medieval - existem diversos legados romanos. Desse modo, conhecer a história de Roma é conhecer um pouco de nossa própria história.

As origens mitológicas de Roma

Vamos começar nossa jornada à Roma da Antiguidade pela maneira como os próprios romanos contavam o seu passado mais remoto: através de mitos. Segundo a mitologia, os romanos descendem de Enéas, um herói troiano que conseguiu escapar quando os gregos destruíram sua cidade, possivelmente no século 15 a.C. Filho de Vênus, a deusa do amor, Enéas passou por muitas aventuras até chegar à Itália, onde seu filho Ascânio fundaria Alba Longa, o núcleo da futura Roma, que seria fundada por seus descendentes Rômulo e Remo, em 753 a.C.

Rômulo e Remo eram irmãos gêmeos e, após o nascimento, foram atirados ao rio Tibre por ordem de Amúlio, usurpador do trono de Alba Longa. No entanto, conseguiram chegar às margens no sopé do monte Palatino e sobreviveram, sendo amamentados por uma loba. Criados por camponeses, ao chegar à idade adulta, depuseram o usurpador e restituíram ao trono seu avô, Númitor, de quem receberam a missão de fundar uma nova cidade na região do Lácio.

No local escolhido, o monte Palatino, às margens do Tibre, Rômulo traçou um sulco no chão com um arado, demarcando a sua propriedade. Insatisfeito, Remo saltou essa linha sobre a terra, desafiando o irmão, que o matou. Rômulo fundou seu povoado, onde acolheu fugitivos de diversas partes da Itália. Sobre eles reinou durante muito tempo, até desaparecer misteriosamente numa tempestade e se transformar no deus Quirino, uma das principais deidades mitológicas dos romanos.

Origens históricas de Roma

A data lendária (753 a.C.) da fundação de Roma não representa o período mais antigo de ocupação do local onde a cidade surgiu. Vestígios de povoação foram encontrados e remontam à Idade do Bronze. É provável que a cidade tenha surgido de um forte erguido pelos habitantes do Lácio (latinos e sabinos) para defender-se dos etruscos, que dominavam parte da península Itálica. Roma surgiu no topo do monete Palatino e se expandiu gradualmente pelos outros seis montes vizinhos, o Esquilino, o Célio, o Quirinal, o Viminal, o Capitolino e o Aventino. Mas a cidade não parou de crescer ao longo dos séculos.

Primitivamente, a economia romana era baseada em atividades agrárias e pastoris. A propriedade de terra era a base da riqueza, o que evidencia o caráter aristocrático dessa sociedade. Os proprietários de terra eram o grupo social dominante, sendo chamados de patrícios. Através de laços familiares formavam clãs que compreendiam também os parentes pobres que prestavam serviços e eram conhecidos como clientes. Finalmente, quem não pertencesse ao clã era chamado de plebeu. Esse grupo era formado por artesãos, comerciantes, estrangeiros e pequenos proprietários de lotes pouco férteis.

Costumes e cultura

Nesses primeiros tempos, os romanos levavam uma vida simples, trabalhando no campo e alimtando-se de sua própria produção. A modéstia e a disciplina eram consideradas virtudes essenciais. A família era uma instituição sagrada e seu chefe - o pater famílias - tinha poder e direitos ilimitados sobre a mulher, os filhos, os escravos e os bens. O velhos eram respeitados e serviam de exemplo à comunidade. A religião - baseada no culto aos antepassados e a uma multidão de deuses - estava presente em todos os aspectos da vida cotidiana e também tinha um caráter cívico, ou seja, estava ligada à cidade e ao Estado romano.

De resto, com o passar dos tempos, os deuses romanos foram se identificando com os deuses gregos, devido à grande influência que a Grécia - embora fosse dominada por Roma - exerceria sobre ela e sua cultura. Na verdade, a arte grega foi uma das fontes principais da arte romana. A arquitetura talvez tenha sido a única das artes de então em que os romanos produziram inovações efetivas, em particular devido ao seu pragmatismo. Se para os gregos as principais construções eram os templos, para os romanos importavam os reservatórios de água, os aquedutos, os edifícios públicos, como os tribunais, os circos e os mercados.

Cidadania e direito

Para Roma, o Estado estava acima de tudo e quem estivesse a serviço da res publica (coisa pública) deveria respeitar os deuses, ser leal e corajoso e ambicionar a glória - virtudes que evidenciam o caráter guerreiro que logo se manifestou entre os romanos. A vida do cidadão era regulamentada por leis, que podiam dizer respeito aos negócios do Estado (direito público) e às relações entre famílias e particulares (direito privado).

Vale à pena notar a importância dessa distinção, até hoje fundamental para o funcionamento do estado de direito. No entanto, essas noções bem como as instituições que as traduziram na prática não datam do primeiro momento da história romana, o período monárquico, mas sim do período republicano. Isso, porém, nos obriga a deixar de lado esse esboço das origens e da organização sócio-cultural de Roma para entrar em sua história política - o que requer um capítulo à parte.

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