Topo

Matemática

Invenção dos números (2) - O numeral escrito repetitivo

Roberto Moisés e Luciano Castro Lima, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Com a passagem da pré-história para a história e o nascimento das produções agrícolas e cerâmicas, desenvolveu-se a ideia numérica, tanto no que se refere à escrita numeral, quanto ao cálculo. Uma das civilizações mais desenvolvidas nesse sentido foi a do Antigo Egito.

O historiador matemático Georges Ifrah conta um pouco sobre isso:

"De fato, por volta de 3000 a.C., esta civilização já se encontrava muito avançada, fortemente urbanizada e em plena expansão. Por razões estritamente utilitárias, motivadas principalmente por necessidades de ordem administrativa e comercial, ela toma pouco a pouco a consciência das possibilidades limitadas do ‘homem–memória’ e do ‘esgotamento’de sua cultura
exclusivamente oral.

Provando uma necessidade crescente de memorizar o pensamento e a fala, assim como a exigência de guardar duradouramente a lembrança dos números, ela percebe então que uma organização de trabalho inteiramente diferente se impõe. E, ‘como a necessidade cria órgão’, ela descobre a ideia tanto da escrita, quanto da notação gráfica dos números para vencer a dificuldade."

A escrita numeral egípcia consistia em representar as quantidades de 1 a 9 por meio de marcas, como as que os povos primitivos faziam na madeira. Para representar um determinado número, os egípcios repetiam aquela marca tantas vezes quantas fosse necessário. Nascia o sistema de numeração escrito repetitivo.

Observe que a representação egípcia "imita" as quantidades. Para dez cachorros, dez cruzinhas, ou dez marquinhas; para cem maçãs, cem tracinhos, ou cruzinhas, o que seja! Temos, assim, o que chamamos de numeral escrito-repetitivo: são todos os registros em que o símbolo - no caso dos egípcios um traço "|" - se repete tantas vezes quantas são as unidades contadas.

Além dos egípcios, outros povos usaram esse tipo de numeração, como os babilônios, dos astecas e os hindus.

Vale observar que, com a escrita numérica, as quantidades ficam fáceis de ser guardadas e "carregadas". Ou seja, já não era necessário carregar todas as cenouras para contá-la - marcava-se em algum lugar o número de tracinhos equivalente às cenouras, e trabalhava-se com os tracinhos.

Matemática