Topo

Português

Redação do Enem 2000 - Comentário da prova

Solange Marcondes, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Se você pretende se sair bem na prova de redação, para começar, leia atentamente a coletânea sugerida e observe quais os caminhos que podem ser escolhidos para a elaboração de um bom texto. Lembre-se de que todas as ideias coerentes à coletânea apresentada serão aceitas, desde que sejam bem fundamentadas com argumentos e não fujam ao esperado pela banca examinadora.

Veja a prova:


Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento de A.J. e do trecho do livro "O Cidadão de Papel", redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional?

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas para a solução do problema discutido em seu texto.

Observações:

  • Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua.
  • Espera-se que o seu texto tenha mais do que 15 (quinze) linhas.
  • A redação deverá ser apresentada a tinta na cor preta e desenvolvida na folha própria.
    Comentário Primeiro, vamos analisar a coletânea:

    1) A realidade cruel das crianças que vivem nas ruas é retratada e ironizada na charge de Angeli quando a figura da mãe é comparada à de Papai Noel e à do Coelhinho da Páscoa, personagens associadas à alegria e à diversão na infância de qualquer criança. Toda criança necessita do amparo da mãe; no entanto, a que vive na rua desconhece essa felicidade. Sem pais, não há família e, para essas crianças, o lar é a rua com todos os males existentes nela.

    2) Nesse meio, a criança de rua não está amparada pelo artigo 227 da Constituição, ou seja, nenhum desses direitos cabe a ela que vive na contramão de uma vida digna. Na rua, ela não está a salvo de nada.

    3) Uma leitura atenta no depoimento de A.J. revela-nos que, em contrapartida, a rua é quem acolhe o menor para que ele possa trabalhar e sobreviver, "pois não há outro jeito". Nota-se, neste depoimento, que essa criança não tem querer, não tem sentimentos, ("não gosto de trabalhar aqui", "quero ser mecânico"), não tem direito a frequentar a escola com 13 anos. Há um ano vive na rua. Essa cena tornou-se tão comum que nem chama mais a atenção das pessoas.

    4) Gilberto Dimenstein, por ser um jornalista preocupado com os problemas da infância e da juventude, aborda um problema bastante comum: a realidade de um menino de rua comparada à de um menino protegido em seu carro pelos vidros fechados. Essa situação gera um questionamento: o direito de ter direitos é uma conquista da humanidade.

    5) O candidato deve perceber que a banca examinadora espera que ele argumente em seu texto relações em que a infância seja abordada como o mais perfeito indicador do desenvolvimento de uma nação. Nenhuma nação conseguiu progredir sem que houvesse investimento na educação, o que significa investir na infância.

    6) Além disso, dados estatísticos associados à coletânea apresentada são fundamentais para contextualizar o problema abordado e para garantir uma argumentação persuasiva. Os números sobre as mazelas da infância no Brasil, divulgados pelo Unicef (Fundação das Nações Unidas para Infância), dão sustentação ao texto:
  • No Brasil 21 milhões de crianças vivem em lares onde a renda per capita é igual ou menor que meio salário mínimo.
  • 5,7 milhões de crianças trabalham para sobreviver.
  • De cada cem crianças na escola, 41 não terminarão o Ensino Fundamental.
  • 1,3 milhão de meninos e meninas está fora da escola. (Fonte: Unicef, Situação Mundial da Infância 2000).

    7) O candidato pode concluir o seu texto abordando que acredita nas soluções oferecidas pela nova geração para os problemas que o Brasil está enfrentando, afinal, esse é o grande desafio. Por isso esta proposta: para que os jovens possam participar das soluções devem entender os processos econômicos, políticos e sociais que afligem o país.
     

Português