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Sociologia

Partidos políticos - origem - Da desconfiança à consolidação da democracia

Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O surgimento e a posterior evolução dos partidos políticos estão relacionados ao desenvolvimento do sistema político democrático e à conquista - e consequente extensão - dos direitos políticos (direito de eleger e de ser eleito) a todos os cidadãos adultos.

É sempre importante lembrar que a democracia moderna está fundamentada no princípio de participação dos cidadãos a partir da escolha de representantes políticos. Estes, por sua vez, se encarregam de tomar as decisões que dizem respeito aos interesses coletivos ou públicos da sociedade, conformando o que chamamos de governo representativo.

Os partidos políticos, porém, não foram criados no mesmo momento em que surgiu o governo representativo. Nos primórdios dos processos eleitorais, apenas uma pequena parcela de cidadãos tinha o direito de eleger representantes. E as eleições, de modo geral, se limitavam à escolha de representantes para os parlamentos ou câmaras legislativas.

Naquela época, os candidatos não se vinculavam a nenhuma organização política formal e nem mesmo legalmente constituída. Na Inglaterra do século 16 (país de antigas tradições parlamentares), por exemplo, existiam apenas comitês eleitorais - e não partidos.

Rousseau, Washington e Hume

É possível afirmar que, no período histórico anterior ao século 19, qualquer referência a alguma associação política de tipo partidária era vista com desconfiança e, até mesmo, reprovação por parte dos teóricos e filósofos políticos (Rousseau, por exemplo) e até mesmo alguns governantes (dentre eles, George Washington).

Questionava-se muito a capacidade de qualquer agremiação ou partido político representar os interesses gerais do povo. Havia uma desconfiança geral, porque era crença comum que os partidos políticos desvirtuariam a democracia representativa, pois eram vistos como a expressão dos interesses particulares de determinados grupos sociais, em detrimento da maioria.

Essa preocupação perdurou por décadas, mesmo depois das revoluções burguesas na Europa ou da independência dos Estados Unidos.

Não obstante, no transcurso do século 19 ocorreu uma acentuada e contínua diversificação da complexidade das atividades governamentais. Esse processo também foi acompanhado pela democratização gradual do poder político.

A partir de então, num curto período de tempo, os partidos políticos não só foram aceitos, mas também considerados como organizações políticas essenciais para a democracia representativa. Entre os pensadores e filósofos políticos que contribuíram para legitimar a existência dos partidos políticos estão David Hume e Edmund Burke.

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