Tradição cultural e interesse econômico se encontram na China

  • Jiu Lin/AFP

    Turistas passeiam pela Grande Muralha da China, nos arredores de Pequim

No passado, a ideia sobre a China estava muito ligada à cultura milenar, construções históricas e mercado fechado. Hoje, tornou-se referência como nação emergente dos Brics, ao lado de Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

Essa mudança na economia despertou a atenção de investidores e de intercambistas, grupo do qual os brasileiros também passaram a fazer parte. “São jovens de 20 a 30 anos com espírito desbravador”, define a diretora educacional da agência de intercâmbio CI, Tereza Fulfaro.

“Escolhi a China porque está em ascensão no mundo e porque estudo Relações Internacionais. Sabia que seria uma viagem que interferiria nos meus valores e na forma como penso. Era um desafio”, conta Ariadne Nardeli, 24, que fez intercâmbio social de três meses em Xangai, na China, em 2011, na área de sustentabilidade.

Com a maior exposição econômica, o interesse pelo estudo do mandarim, a língua oficial, aumentou e ir estudar na China deixou de ser excêntrico.

A média do preço de um pacote com moradia estudantil e curso de quatro semanas, é de US$ 1.800*, que pode ou não incluir café da manhã, dependendo da opção disponível.

Na conta não estão incluídos seguro de saúde, taxa de embarque, passagem aérea, translado de chegada e, dependendo da escola, uma cobrança extra de US$ 150 (se for alta temporada). Neste caso, a viagem pode sair por US$ 4.500*. Os dados foram obtidos com agências de intercâmbio associadas à Belta (Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais).

O custo de vida chinês, porém, surpreende quem visita o país. “Uma corrida de táxi de cerca de uma hora sai entre R$ 20 e R$ 30, menos que o cobrado em São Paulo”, conta a diretora da CI, que já foi para lá.

Não é só. O metrô em cidades cosmopolitas como Xangai e Hong Kong é eficiente e organizado com indicações bilíngues para facilitar a vida do estrangeiro, lembra a gerente de loja do STB (Student Travel Bureau) Camila Trindade, que também conhece o país. “Além de te levar para todos os lugares, é barato. A alimentação também é mais em conta se comparada com o Brasil.”

E nas ruas? “Nas ruas é aquilo que a gente vê na TV. Tem carros, bicicletas e motos e pessoas. Todos juntos. Há motociclistas que, inclusive, andam em cima da calçada, buzinando. Você tem que se adaptar”, fala Ariadne.

Diversas "Chinas"

O país tem dimensões continentais e faz fronteira com 14 vizinhos, que são: Afeganistão, Butão, Cazaquistão, Coreia do Norte, Índia, Laos, Mianmar, Mongólia, Nepal, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Vietnã.

Isso mostra o quanto o intercambista pode ser surpreendido em uma viagem. Como ocorre em outros países da Ásia, o tradicional e o moderno convivem juntos. Não raro, há templos budistas fincados em bairros residenciais ou comerciais.

Além disso, há as diferenças típicas de cada povo. A máxima sobre a pele branca das mulheres chamar atenção, seguida na Coreia do Sul e no Japão, se repete na China. A imagem está ligada à estética, mas no passado significava status social: a pessoa não fazia trabalhos braçais, debaixo do sol, como no campo. Em locais sem muito convívio com estrangeiros, os chineses, homens ou mulheres, ainda veem o ocidental como “algo exótico”. Eles encaram mesmo e o jeito é não se importar.

A psicóloga Renata Reginato Ligeiro, 26, que estagiou em uma multinacional de TI na China em 2009, conta uma história quando dividiu o apartamento com uma chinesa em Pequim.

“As diferenças culturais foram novidades para nós duas. Eu tomava banho uma vez ao dia, sempre lavava o cabelo e não vestia a mesma roupa. Ela usava a mesma durante um ou dois dias”, fala. “Em compensação, em outra ocasião, mostrei fotos da minha família no Brasil e do meu irmão com barba. Ela deu a maior risada, porque os homens chineses não têm pelos.”

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