Topo

Empatia é caminho para promover debate político na escola, diz especialista

Leonardo Soares/UOL
Imagem: Leonardo Soares/UOL

Do Porvir

08/04/2016 13h11

A efervescência do debate político também chegou às escolas de todo o país. E assim como nas ruas ou nas redes sociais, o assunto já gerou desentendimentos entre alunos. Neste momento, promover atividades que despertam a empatia é um caminho para evitar conflitos na sala de aula, incentivando que crianças e adolescentes se coloquem no lugar do outro e sejam mais tolerantes.

Em muitos casos, os estudantes levam para a sala de aula os discursos que ouviram dos pais ou em meios de comunicação. Para que eles deixem de apenas retratar as opiniões de pessoas mais próximas, a mestre em educação pela Universidade de Columbia (EUA), Tonia Casarin, que tem publicações e estudos focados no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais em crianças, adolescentes e adultos, menciona que é importante estimular o pensamento crítico dos alunos. De acordo com ela, os educadores não podem ignorar o momento político do país e precisam criar espaços para que os alunos possam falar sobre o assunto. “Isso está sendo levado para as escolas, mas elas não estão sabendo lidar muito com isso”, afirma.

Dentro desse contexto de discussões incendiadas, é importante que os educadores também saibam a relevância da empatia para a formação das crianças como cidadãos. “Pessoas mais empáticas contribuem para uma sociedade mais diversa.” Em entrevista ao Porvir, Casarin apontou alguns caminhos que podem ser utilizados para estimular essa competência:

  • Diferenciar um fato de uma opinião

    Em primeiro lugar, ela sugere que os educadores devem tentar diferençar fatos e opiniões. "Eu acho que nesse momento tem muita coisa não discutida. Eu brinco que é o diálogo sobre o não dito." Sem cobrar que as crianças tenham que formar uma opinião imediata, ela sugere que seja feito um trabalho para separar essas duas coisas. "Estamos vivendo um momento muito específico, com mais ideologia do que fatos e dados", explica.

  • Promover pesquisas em diferentes meios de informação

    Para analisar os argumentos que são baseados em opiniões ou fatos concretos, a sugestão é incentivar a busca de informação em diferentes meios de comunicação. Segundo Tonia, pode ser interessante para ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem um olhar e um pensamento crítico. "Olhar várias fontes de conhecimento, vários jornais e tentar entender por que aquele jornal tem uma opinião ou escreve daquele jeito."

  • Desconstruir o conceito de certo e errado

    A partir dessa observação de várias fontes de conhecimento, o educador pode tentar estimular que a turma desassocie as informações de julgamentos iniciais. "Tirar esse peso do certo e errado ajuda muito as crianças a entenderem mais o outro e terem mais empatia", conta.

  • Fazer a simulação de um julgamento

    Com as informações e dados, os alunos podem tentar se colocar no lugar do outro para defender e ouvir argumentos. Pegando como exemplo o debate sobre o impeachment, o professor pode dividir a sala em dois grupos. "Pode colocar um grupo de crianças para discutir por que elas seriam a favor e outro por que seriam contra, independente se elas são contra ou a favor. E depois trocar. Isso obriga você a se colocar no lugar do outro e entender a cabeça do outro", explica.
    "Independente de ter atividades prontas, o professor conhece melhor a sala de aula dele. Eu acredito muito na criatividade do professor dentro da sala de aula" defendeu, ao mencionar que o educador pode buscar inspiração para desenvolver as atividades que mais conversam com a sua turma.