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Pisa 2009: Meninas brasileiras superam meninos em leitura, mas perdem em matemática e ciências

Rafael Targino

Em São Paulo

08/12/2010 07h00

As meninas brasileiras superaram os meninos nas provas de leitura do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2009, segundo relatório divulgado na terça-feira (7) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). As notas médias delas foram 29 pontos maiores que as deles.

Desempenho delas no Pisa 2009 em relação a eles (em pontos)

 MatemáticaCiênciasLeitura
OCDE15 a menos4 a menos39 a mais
Brasil16 a menos3 a menos29 a mais

Os garotos, no entanto, viram o jogo em matemática e ciências. A média em matemática foi 16 pontos melhor e, em ciências, 3 pontos superior.

Esses índices acompanham os resultados apurados nos países membros da OCDE, em que a diferença de scores ficou em 39 pontos (a favor das meninas) em leitura. Em matemática e ciências, os homens também levaram vantagem: 15 e 4 pontos a mais, respectivamente.

Em todas as provas, a província de Xangai, na China, obteve as maiores notas de meninos e meninas entre os países onde os testes foram aplicados. O Quirguistão teve os piores índices em todos.

Entre 2000 e 2009, a diferença entre eles e elas subiu em leitura. No final do século passado, as meninas do bloco da OCDE conseguiram uma média 32 pontos maior (contra 39 agora); as brasileiras, 17 (contra 29 em 2009).

Maiores e piores notas médias do Pisa 2009, por sexo

 Mat. (M)Mat. (H)Cie. (M)Cie. (H)Leit. (M)Leit. (H)
Xangai (China)601599575574576536
Quirguistão334328340318340287
BRASIL379394404407425397

Notas médias gerais

Se considerado histórico das médias das notas brasileiras no Pisa, o Brasil teve o terceiro melhor crescimento na década. Houve crescimento de 33 pontos da nota geral, o que dá ao país o terceiro lugar no ranking -- Luxemburgo, o 1º, cresceu 38 pontos; e o Chile, que está em 2º, cresceu 37.

  • Arte/UOL

O maior avanço do país foi em matemática, com 52 pontos - foi de 334 (em 2000) para 386 (em 2009). Em leitura, o patamar de 2009 ficou em 412 - em 2000 era 396, um aumento de 16 pontos. Na  área de ciências, que passou a ser avaliada em 2006, o país saiu de 390 para 405. Para se ter uma ideia, os países top da lista ficaram com 539 em leitura (Coreia do Sul), 546 em matemática (Coreia do Sul) e 554 em ciências (Finlândia).

Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, é preciso ponderar que estamos competindo com países mais ricos e desenvolvidos quando elaboramos essas listas. "Temos um século de atraso [para recuperar]", afirma. O MEC qualifica a evolução brasileira, um dos destaques do relatório de 2009, como "considerável". Em linhas gerais, a OCDE credita as melhorias ao aumento de investimento e à criação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação).

  • Arte/UOL

"[A criação do Ideb] mexeu na educação do Brasil", afirmou Haddad. Segundo ele quando o Inep divulgou os resultados por escola em 2006, mudou o foco do trabalho. "Colocamos um elemento que estava faltando, o aprendizado", disse.

"Bem abaixo" da média

As notas brasileiras ainda se encontram "bem abaixo" da média dos países desenvolvidos. No entanto, Haddad comenta que o crescimento dos integrantes da OCDE na última década foi pequeno, enquanto o Brasil aumentou em 33 pontos sua média geral. "Estamos em ritmo", afirmou. "Aquela história de que estaremos distantes do restante do mundo não está se confirmando." O PDE (Programa de Desenvolvimento das Escolas) estabelece metas de 417 em 2012, 438 (2015), 455 (2018) e 473 (2021). O objetivo de 2021 é atingir a média dos países da OCDE. A "história" a que se refere o ministro é uma crítica às metas de que em 2021 atingiríamos a média do mundo desenvolvido com atraso de 20 anos.

O que é o Pisa

O Pisa busca medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade tanto de países membro da OCDE quanto de países parceiros. Essa é a quarta edição do exame, que é corrigido pela TRI (Teoria de Resposta ao Item). O método é utilizado também na correção do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio): quanto mais distante o resultado ficar da média estipulada, melhor (ou pior) será a nota.

A avaliação já foi aplicada nos anos de 2000, 2003 e 2006. Os dados divulgados hoje foram baseados em avaliações feitas em 2009, com 470 mil estudantes de 65 países. A cada ano é dada uma ênfase para uma disciplina: neste ano, foi a vez de leitura.

Fazem parte da OCDE, como membros, Alemanha, Grécia, Chile, Coreia do Sul, México, Holanda e Polônia, entre outros. Dentre os países parceiros, estão Argentina, Brasil, China, Peru, Qatar e Sérvia, entre outros.