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Fábrica de sabão é transformada em escola em Goiás

Rafhael Borges

Especial para o UOL Notícias, em Goiânia

19/04/2011 18h41

Uma fábrica de sabão desativada virou sala de aula para estudantes do Jardim Curitiba, em Goiânia (GO). Cerca de 480 alunos da escola estadual Nazir Safatle estudam em condições precárias desde agosto do ano passado, quando o antigo prédio foi demolido para dar lugar a um novo, no padrão "padrão Século XXI" - com salas de informática, auditório, biblioteca, quadra poliesportiva coberta, laboratório de ciência e sala para a direção.

O galpão desativado foi o local alugado pelo Estado para transferir os alunos durante os sete meses previstos para a execução da obra, que deveria estar pronta neste mês. Não há banheiros separados; os computadores estão amontoados sem condições de funcionar; não existe espaço para a merenda e as salas são separadas com divisórias de madeira improvisadas, que ameaçam cair.

Para complicar ainda mais a situação, os alunos foram divididos em dois endereços. Além da fábrica de sabão, estão instalados em um prédio sem acabamento que fica no mesmo bairro, cerca de 400 metros de distância. A reportagem não teve acesso ao local, mas conseguiu fotos da fachada e de uma das salas de aula.

  • Rafhael Borges/UOL

    Estudante quase fica para fora de sala de aula improvisada em prédio de antiga fábrica de sabão, em Goiás

A obra

Segundo a Agetop (Agência Goiana de Transporte e Obras), responsável pela construção do novo colégio, só 7% do projeto inicial foi executado até agora. A reportagem do UOL Notícias constatou que apenas o alicerce começou a ser feito, e, pelo tamanho da estrutura, o número de trabalhadores é insuficiente.

A falta de recursos é o principal motivo do atraso da obra que deveria estar pronta, informou a Secretaria de Educação. Ainda de acordo com o órgão, não há previsão de entrega e nem prazo estabelecido pelo Governo do Estado, que só pagou a primeira de três etapas do repasse de verbas.

O conselho tutelar da região, que fica em frente à construção, colheu 700 assinaturas de pais e alunos, e deve levar a representação ao conhecimento do Ministério Público Estadual ainda esta semana.


Ensino comprometido

Professores reclamam do descaso das autoridades e do baixo rendimento no aprendizado dos alunos. A coordenadora da unidade, Lucineide Ribeiro, não sabe mais o que fazer, e acredita que os alunos podem ser prejudicados de maneira irreparável. “Já reclamamos, mas o que ouvimos da Secretaria da Educação é que vão providenciar um novo espaço o mais rápido possível”, e questionou ainda quando seria este prazo.

A aluna Samara Soares, 15, estuda no local desde o começo do ano e diz não aguentar mais. “A gente escuta tudo que os outros professores falam. Às vezes a gente presta mais atenção nas outras salas do que na nossa”. Samara ainda disse que se pudesse já teria mudado para outra escola.

Emilly Mayara, 14, sofre com o problema há mais tempo, desde quando a escola mudou para o galpão. “O prédio da escola era bem precário, mas este aqui é ainda pior. Sorte que a gente ainda tem ventilador, senão era impossível ficar aqui dentro”, reclamou a aluna, que assiste às aulas quase do lado de fora do prédio.