Confusão na USP foi causada por "baderneiros mimados", diz pré-candidato tucano à prefeitura de SP
O secretário de Estado de Cultura de São Paulo e pré-candidato à prefeitura da capital, Andrea Matarazzo, disse ao jornal "Folha de S. Paulo" classificou os estudantes da USP (Universidade de São Paulo) retirados da reitoria na madrugada desta terça-feira (8), de "baderneiros mimados".
A declaração foi feita em resposta ao que disse o ministro da Educação (e também pré-candidato pelo PT) Fernando Haddad, que afirmou que "não se pode tratar a USP como se fosse a cracolândia, nem a cracolândia como se fosse a USP".
"Essa declaração mostra que o ministro Haddad não conhece o que se passou na USP nem na cracolândia. [...] A USP trata-se de baderneiros mimados e a cracolândia é um problema de saúde pública", disse o secretário à Folha. Para ele, "depredação de patrimônio público por meia dúzia de mimados se resolve com polícia". "Já a cracolândia tem de se tratar com médicos, internação e retaguarda para os usuários. É uma questão de tratamento", afirmou.
Há 73 manifestantes presos após a reintegração de posse da reitoria da USP, feita na madrugada desta terça-feira. Foi estabelecida uma fiança de um salário mínimo.
Habeas corpus
O advogado dos 73 estudantes presos após a reintegração de posse da reitoria da USP, Vandré Paladini Ferreira, afirmou no começo desta tarde que vai entrar na Justiça com um pedido de habeas corpus para a libertação deles. Ele trabalha para o MST (Movimento dos Sem-Terra) e está fazendo a defesa dos alunos.
Na avaliação dele, a prisão foi "arbitrária, ilegal, irregular". "Estão imputando crime de depredação de patrimônio de forma coletiva, quando a ordem jurídica não permite isso. A conduta tem que ser individualizada", afirmou.
Ainda conforme o advogado, não haveria motivos para os alunos ainda estarem presos, tendo em vista que "muitos já assinaram a nota de culpa no TCO [Termo Circunstanciado de Ocorrência] e ainda estão dentro de ônibus debaixo do sol e sem acesso a água".
Redução de fiança
A Polícia Civil anunciou que o valor da fiança para liberação dos estudantes detidos após a reintegração de posse, que ocorreu na manhã de hoje, foi reduzido de R$ 1.050 para R$ 545. A polícia também se corrigiu e informou que 73 alunos foram detidos -inicialmente, a corporação havia informado que eram 70.
Edvaldo Faria, coordenador da central de flagrantes da terceira delegacia da seccional oeste, disse que a decisão de reduzir o valor da fiança foi tomada "por se tratar se estudantes". “Analisamos prós e contras e decidimos pela redução do valor. Alguns teriam de se sacrificar para pagar [a fiança]”, disse.
Indagado se a decisão foi influenciada pela manifestação que ocorre do lado de fora do 91º DP, na qual cerca de 150 estudantes pedem a liberação dos detidos, o delegado foi taxativo. “Isso foi decidido antes”, disse. O delegado também negou as acusações de que os estudantes estão sofrendo perseguição política.
No momento, os alunos detidos estão sendo ouvido e indiciados. De acordo com a polícia, ao menos 20 já foram interrogados.
Reintegração de posse
A reintegração de posse da reitoria da USP terminou por volta das 7h20 da manhã desta terça-feira. Segundo Maria Yamamoto, coronel da PM, "não houve resistência; eles foram pegos de surpresa". Até uma estudante com uma garrafa de vinagre foi detida. Os policiais militares pensaram que a garrafa nas mãos da mulher era uma bomba caseira. A identidade da mulher não foi divulgada.
O prazo para os estudantes deixarem o edifício venceu na noite de segunda (7), às 23h. Em assembleia realizada ontem, os estudantes optaram por permanecer no prédio. Havia cerca de 600 estudantes na reunião.
Os alunos ocupam o local desde a madrugada da última quarta-feira (2), em manifestação contra a presença da Polícia Militar no campus da USP no Butantã e contra processos administrativos envolvendo funcionários da USP.
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Debate sobre a PM
O debate sobre a presença da PM no campus voltou à pauta na quinta-feira (27), quando policiais abordaram três estudantes que estavam com maconha no estacionamento da faculdade de História e Geografia. A detenção gerou confusão e confronto entre estudantes e policiais –que culminou com a ocupação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e, posteriormente, da reitoria.
A presença dos policiais no campus –defendida pelo reitor, João Grandino Rodas, e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)– passou a ser mais frequente e em maior número após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano. Em setembro, o reitor e o governador assinaram um convênio, autorizado pelo Conselho Gestor do Campus, para regulamentar a atividade da PM na USP.
Os contrários à PM no campus dizem que a medida abre precedente para a polícia impedir manifestações políticas –que comumente ocorrem dentro do campus– e citam o episódio de junho de 2009, quando a Força Tática da PM entrou na universidade para reprimir um protesto estudantil e acabou ferindo os estudantes e jogando bombas dentro de unidades.
Como alternativa à PM, o DCE defende que a segurança do campus não seja militarizada, isto é, que seja de responsabilidade da Guarda do Campus. A entidade defende que haja mais iluminação das vias do campus e que a USP mais seja aberta à comunidade externa, aumentando a circulação de pessoas.
Uma parcela dos alunos –sobretudo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e da Escola Politénica– defende a presença da PM, argumentando que isso aumenta a segurança dos frequentadores do campus.
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