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Pais e alunos acusam professores de fraudar avaliação de SP que dá bônus salarial

Do UOL, em Sorocaba

04/04/2012 10h03Atualizada em 04/04/2012 17h15

Um resultado que deveria ser comemorado por pais e alunos se transformou em motivo de polêmica na Escola Estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, em Sorocaba. A escola ficou com nota 9,3 no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) de 2011, numa escala de 0 a 10 

No entanto, um grupo de pais e alunos acusam a escola de fraudar a avaliação estadual.

Segundo relatos, professores teriam auxiliado os alunos durante a aplicação da prova e teriam tido a conivência do fiscal - são convocados profissionais de outras escolas para a fiscalização. Segundo uma aluna, que não quis se identificar, os melhores da turma teriam respondido mais de uma prova: "Eles terminavam rápido e faziam a prova de quem faltou”.

A mãe de uma estudante que participou da prova disse que a filha tirou dúvidas com uma professora. “Ela [a aluna] disse que não tinha entendido bem as questões e a professora explicou melhor cada assunto”, afirma Raquel Laminda dos Santos, 30. 

O resultado do Idesp determina se os funcionários e professores da escola vão receber bônus salariais, de acordo com a política de meritocracia do Estado.

Realidade é outra, segundo pais

Alguns pais de alunos ouvidos pela reportagem consideram que o resultado, que coloca a unidade no topo do ranking entre escolas de 1º ao 5º ano, não reflete o nível de aprendizado de seus filhos. “Não adianta nada ver essa nota e os nossos filhos continuarem com dificuldades. Essa não é a realidade”, afirma  Alessandra da Silva, mãe de um aluno da Reverendo Augusto da Silva Dourado.

Os alunos conseguiram nota máxima (10) em matemática e 9,2 em português, o que resultou na média de 9,3. A nota ultrapassa o dobro da média das escolas do 5º ano de São Paulo, que foi de 4,24. Em 2010, a escola sorocabana obteve 6,07. 

Outro lado

A diretora da Escola Estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, Vicentina de Jesus, nega qualquer tipo de fraude. Ela diz que a unidade de ensino se empenhou para melhorar a colocação no ranking. “As pessoas pensam que só alunos de escolas particulares têm o direito a ensino de qualidade e nós mostramos que não”, afirma categórica. “As professoras apenas aplicaram um simulado antes da prova e nesse dia, sim, ajudaram os alunos”, completa.

Por nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que já solicitou à Fundação Vunesp, responsável pela aplicação do Saresp, um relatório sobre as circunstâncias da prova realizada na Escola Estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, em Sorocaba. Com base nos esclarecimentos prestados, a secretaria decidirá quais providências serão tomadas. 

A secretaria ressalta que o exame não foi aplicado por professoras da própria escola, mas sim por um docente de outra unidade para garantir a idoneidade do Saresp. 

Com as denúncias, o Ministério Público em Sorocaba decidiu investigar o caso. O promotor Antonio Domingues Farto Neto pretende acionar as promotorias da Infância e da Juventude e Criminal e a Delegacia da Infância e da Juventude. Ele explicou que o fato de haver premiação aos docentes das escolas que conseguem bons resultados caracterizaria um crime de estelionato se for comprovada a ajuda dos professores.