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Jovens buscam intercâmbio como au pair nos EUA para aprimorar inglês

Daiane Tamanaha

Do UOL, em Princeton (EUA)

21/04/2012 06h00

 

Os Estados Unidos não são somente um dos principais destinos escolhidos pelos brasileiros para turismo ou estudo. A terra do Tio Sam também é a favorita entre os jovens que se inscrevem no programa de intercâmbio au pair. Eles moram com uma família americana, recebem hospedagem e alimentação de graça, mas precisam cuidar das crianças da casa.

Outros países como Holanda, Alemanha, França e Áustria também oferecem esse tipo de programa, mas somente nos Estados Unidos o trabalho de au pair é autorizado pelo governo, tornando o intercâmbio mais fácil e seguro. Para se candidatar, a pessoa precisa ter entre 18 e 26 anos de idade, ensino médio completo, capacidade de se comunicar no dia a dia em inglês (nível intermediário), carteira de habilitação internacional e ter documentos que comprovem que já tenha trabalhado com crianças por, pelo menos, 200 horas. Mesmo assim, logo que chegam aos Estados Unidos, todos passam por um treinamento que dura, em média, quatro dias.

De acordo com a maior agência do programa no Brasil, todo ano uma média de 5 mil brasileiros são enviados para trabalhar como au pair nos Estados Unidos.  “A maioria dos jovens que nos procuram é formada por mulheres, mas temos alguns rapazes. O problema é que normalmente eles demoram um pouco mais para encontrar uma família”, explica Ana Luiza Figueiredo, que trabalha em uma das agências em São Paulo.

O ex-professor de inglês, Danilo Felix do Nascimento Silva, de 25 anos, sabe bem como é isso. Ele demorou três meses até encontrar uma família nos Estados Unidos. “Eu entendo que poucas famílias se sentiriam à vontade em ter um homem cuidando de um bebê, por exemplo. Atualmente, Danilo mora no Estado de Nova York  e pretende estender o intercâmbio por mais um ano.

Uma vantagem do programa au pair é o baixo custo, se comparado com outros tipos de intercâmbio. Para ter o perfil publicado na página da agência na internet, o candidato paga R$ 250. Assim que a negociação com a família for fechada, a pessoa deve desembolsar mais R$ 1.499, com seguro básico de saúde, ou R$ 2.298, se quiser o seguro completo. Esses valores incluem passagem aérea, traslado nos Estados Unidos e uma das taxas do visto.

A santista, Mariana Alves Pereira, de 25 anos, pesquisou outros programas de intercâmbio, mas ficou assustada com os altos valores e, por isso, decidiu ser au pair. Há quase 10 meses ela cuida de três crianças e vive no Estado de New Jersey. “Os primeiros dias foram os mais difíceis para mim. Quando você chega na casa da família e percebe que nada é seu, que você  está em um lugar onde não conhece ninguém e, o pior de tudo, não consegue entender quase nada do que as pessoas falam, bate o desespero e a vontade de largar tudo e voltar para casa. Mas, acredite, tudo isso passa.”

Os au pairs trabalham, no máximo, 45 horas por semana e recebem um salário semanal de $195,75 dólares, o que totaliza $783 dólares por mês. Também recebem cerca de $500 dólares por ano para financiar os estudos. Eles têm um quarto individual e nenhum gasto com a alimentação e, muitas vezes, transporte. O intercâmbio dura um ano e pode ser estendido por mais 6, 9 ou 12 meses. Caso tenha problemas sérios de adaptação, o au pair pode ser remanejado para outra família.

O estudo é uma prioridade nesse programa, por isso todo au pair deve cumprir de 72 a 90 horas de curso em algum colégio ou  universidade americana. A paulistana Layane Queiroz Carvalho, de 24 anos, que trabalhou por um ano como au pair, fez dois cursos como aluna ouvinte na Universidade de Princeton, considerada uma das melhores do mundo. Quando terminou o contrato, Layane voltou ao Brasil, mas decidiu vir novamente somente para passear. Ela já conheceu os Estados da Califórnia, Nevada, Arizona e Utah, viajou de carro de New Jersey até a Flórida, fez um cruzeiro pelas Bahamas e agora está morando com o namorado alemão no Texas.  

Quem também está planejando novas aventuras é Mayara Silvestre, de 21 anos. Em 2009, ela foi para os Estados Unidos como au pair. Foram dois anos, segundo ela, inesquecíveis. Mayara não só se tornou fluente em inglês, como aproveitou para iniciar um curso de Administração na Rider University, em New Jersey. De volta ao Brasil,  ela rapidamente conseguiu emprego em uma empresa americana, em São Paulo, e ainda dá aulas de inglês. Este ano, iniciou a faculdade de Comércio Exterior. E  não é só isso: “Agora estou estudando alemão e assim que estiver dominando o idioma, pretendo fazer um novo intercâmbio para a Alemanha ou Áustria, como au pair, claro”.