Com exercícios práticos, alunos de economia, administração e direito "aprendem" a ser criativos
Com a ajuda de exercícios lúdicos e originais, os alunos dos cursos de Economia, Administração e Direito da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em São Paulo, têm aprendido a aprimorar uma característica cada vez mais valorizada no mercado de trabalho: a criatividade.
Criado há três anos pelo professor Samy Dana, pós-doutor em Negócios, o Curso de Criatividade já é a mais procurada entre as disciplinas optativas da FGV. De acordo com Dana, embora a importância da criatividade em todas as áreas profissionais seja praticamente um consenso, pouca gente sabe o que fazer para aprimorar essa característica.
“Vemos uma proliferação de livros, blogs e conferências que destacam os benefícios da criatividade. Só que ninguém explica como ser criativo e como aprimorar a capacidade criativa”, diz Dana.
O curso, segundo o professor, permite que os participantes ampliem sua capacidade de mobilizar recursos para a solução de problemas. A estratégia utilizada para isso consiste em propor exercícios que levem os alunos a observar e compreender seu próprio processo criativo.
VEJA EXERCÍCIO DE STOP MOTION FEITO PARA O CURSO
Nas atividades práticas, os estudantes são confrontados com desafios que nem sempre podem ser superados com base em estratégicas lógicas. A partir de situações concretas, com base em perspectivas teóricas fornecidas por Dana, eles identificam os gargalos e armadilhas de seu processo criativo.
“Eu não quis trabalhar com situações diretamente ligadas ao universo empresarial. A criatividade precisa ser estudada por si só”, afirma.
Um dos exercícios que mais chamam a atenção é o Desafio do Marshmallow. Nessa atividade, os participantes recebem um marshmallow, 20 espaguetes crus, uma tesoura, barbante e fita adesiva. A missão é montar, utilizando apenas esses materiais, a estrutura de espaguete mais alta possível, em até 18 minutos.
A tarefa não é fácil, porque o marshmallow é mais pesado que aparenta e as estruturas não se sustentam. “A atividade é toda filmada. Depois que acontecem vários fracassos, nós comentamos tudo o que foi feito”, declara. O exercício, segundo ele, permite analisar fatores cruciais para a criatividade, como o funcionamento dos processos de tentativa e erro, ou a capacidade de realizar protótipos e fazer reavaliações.
Roteiro
Alguns exercícios contam com uma análise psicológica do desempenho dos alunos. Um deles, por exemplo, consiste na criação de desenhos simples, tendo como única restrição o tempo limite. Outra proposta é a gravação de um vídeo de apresentações de cinco minutos dos participantes, que posteriormente são avaliados pelo grupo, que destaca suas virtudes e defeitos.
Em um dos exercícios, os alunos analisam de filmes e seriados de TV, buscando compreender quais são os paradigmas presentes no cinema. Depois, tentam encaixar um vídeo exibido nos modelos que identificaram. “No curso, a prática vem primeiro e a teoria entra na hora de refletir sobre tudo que foi feito”, diz Dana.
Explorar as sensações e experiências da arte – cantando com uma coralista, ou interagindo com um ator – também faz parte das atividades.
Dana, que é pianista de jazz, usa também a música em um exercício com o objetivo específico de trabalhar a capacidade de improvisação: contando com softwares para criação musical, os alunos compõem trechos musicais. “Quando estou improvisando, com o jazz, preciso tomar decisões continuamente e não posso voltar atrás. É como no mundo empresarial”, disse.
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