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Vinte redações do Enem, na correção do Banco de Redações do UOL

Antonio Carlos Olivieri

da Página 3 Pedagogia & Comunicação

01/04/2013 12h00

É preciso dar algumas explicações a propósito da correção dessas 20 redações do Enem enviadas por internautas para o UOL Educação. Em primeiro lugar, deixar claro que a nossa avaliação é decididamente mais rigorosa do que a oficial, como já se viu pela diferença de notas atribuídas às já célebres redações com a receita de Miojo e o hino do Palmeiras (respectivamente  200 e 100 na nossa avaliação, contra 560 e 500 na do Enem – veja mais). Mas o rigor, aqui, como também no Banco de Redações, visa exclusivamente a cumprir uma função didática: estar atento aos problemas, por menores que sejam, apontá-los e mostrar quanto eles podem pesar numa avaliação é uma tentativa de ensinar a evitá-los ou resolvê-los.

Procuramos também nos ater a certos aspectos da redação que não costumam ser muito comentados e que os estudantes parecem ignorar, mas que têm aspecto decisivo na qualidade de um texto, como os desníveis de linguagem. É muito comum os alunos mudarem o tom de suas redações, sem mais nem menos, do formal para o informal, do objetivo para o subjetivo, do denotativo para o conotativo, fato que é muito problemático em termos de comunicação, pois desvia a atenção do leitor e prejudica a compreensão do conteúdo. Por trás disso, porém, às vezes, se encontra um problema mais grave.

A leitura dessas 20 redações, e dos desníveis de linguagem presentes em todas elas, chega a fazer pensar que os alunos não têm certeza absoluta do que vem a ser um texto dissertativo, em especial na sua modalidade argumentativa. Não conseguem compreender o grau de formalidade que esse gênero textual implica, nem a necessidade de abstração e de generalização que o seu raciocício precisa empreender para efetivamente dissertar. Salta aos olhos a dificuldade que os autores das redações têm de passar de um caso particular para o âmbito geral, de sair de questões concretas para formular reflexões abstratas, enfim, de se afastar da esfera de pensamento do dia a dia, para se aproximar do modo de pensar que lhes será exigido na universidade.

E é isso que convém lembrar a propósito da dissertação. Não é por acaso que ela é exigida nos exames vestibulares e no Enem. Ela é a modalidade de expressão por meio da qual os profissionais de nível superior se comunicam, em seus pareceres, relatórios, teses, etc. Então, é de se esperar que o aluno em fins de colegial já domine os meios para produzi-la. Ou seja, que tenha capacidade para redigir um parágrafo introduzindo o tema e expondo sua opinião sobre ele, pelo menos mais dois parágrafos apresentando argumentos em defesa de seu ponto de vista e, finalmente, um parágrafo conclusivo.

Para terminar, as notas baixas e as críticas formuladas não têm intenção de desestimular ninguém. Os exercícios são feitos para isso mesmo. Para as pessoas irem aprendendo por meio da tentativa e do erro. Um dos maiores filósofos do século 20, Karl Popper, demonstou que é somente por meio da crítica que aponta os erros que a ciência pode progredir. Isso vale para todo tipo de conhecimento. Todos aprendemos com os alheios e, principalmente, com os nossos próprios erros.

Veja as redações corrigidas

A responsabilidade e o respeito com a imigração

E agora, Brasil?

Coolaboração dos imigrantes

No atual século, inúmeras pessoas*

Imigração: aumento da desigualdade social

Imigração fácil. Consequências também.

Importação populacional

A imigração cultural

Mil nações e uma espécie

Nas últimas décadas, o Brasil vem ganhando*

Problemas na imigração para o Brasil

País de dimensões continentais, o Brasilde Jorge Amado*

"Sem sustentação para a imigração"

O Brasil de duas faces

As migrações são parte da história da humanidade

As consequências da imigração para o Brasil

Desde os tempos primitivos o homem*

O movimento imigratório no Brasil

Os fluxos migratórios sempre foram uma constante*

Los hermanos, los problemas

* Redação originalmente sem título.