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Alunos de quatro campi da Unesp estão em greve

Na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Marília a greve já dura 23 dias - Divulgação/ Movimentação Estudantil
Na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Marília a greve já dura 23 dias Imagem: Divulgação/ Movimentação Estudantil

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

03/05/2013 14h07Atualizada em 03/05/2013 15h11

Cerca de 4 mil alunos de quatro campi da Unesp (Universidade Estadual Paulista) estão em greve. O movimento acontece em Marília, Ourinhos, Assis e Araraquara. A paralisação, segundo o movimento estudantil, tem o objetivo de contestar o Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista), projeto do governo do Estado que institui cotas nas universidades paulistas. Eles também reivindicam melhorias em programas de alimentação e moradia para os alunos.

Pelo menos mais dois campi - Bauru e Jaboticabal - podem aderir ao movimento nas próximas semanas.

“Corte de bolsas socieconômicas e de extensão, infraestrutura de moradias e restaurantes universitários insuficiente, somado a uma reitoria intransigente nas negociações, serviram como estopim para o movimento estudantil dizer basta”, afirma a liderança dos estudantes, em nota.

Em Marília, a greve já dura 23 dias. Os alunos reivindicam a ampliação do restaurante universitário, da bolsa de apoio ao estudante no valor de R$ 350 e a garantia de mais moradias. As aulas dos nove cursos oferecidos na cidade estão paradas e alunos estão acampados no prédio da administração da universidade, o que impede até mesmo atividades burocráticas de serem realizadas. Os alunos estão programando uma assembleia para os próximos dias para definir o futuro da greve.

Já em Ourinhos, o campus foi ocupado há 15 dias. Por enquanto, as faltas não estão sendo registradas e os professores apoiam o movimento. Os alunos reivindicam aumento no valor e número de bolsas para a extensão, revisão e transparência nos projetos aprovados sem bolsas, revisão da próxima etapa do novo campus e inclusão de moradia e convênio aluguel com restaurantes na cidade. Houve panfletagem no centro da cidade e os estudantes realizam uma série de debates.

“O objetivo da panfletagem foi chamar a atenção da população para que todos saibam o que está acontecendo na universidade, além de convidá-los para ir até o campus, já que estão sendo realizadas diversas mesas de debates e discussões sobre a greve e as políticas de acesso e permanência na universidade pública”, explicou Rafael Vianna Reis, um dos líderes estudantis de Ourinhos.

Em Assis, o movimento começou há uma semana. Os alunos reivindicam a construção de um bloco para o curso de biologia e melhorias nas moradias, ampliação do Restaurante Universitário e um bloco apenas para a biblioteca, pois quando chove o espaço fica alagado e chega a molhar os livros. Em Araraquara, onde os alunos paralisaram as atividades há três dias, o movimento pede ainda a reversão da expulsão de cinco estudantes da moradia estudantil da Unesp.

Já em Bauru, uma assembleia dos alunos foi marcada para a próxima terça-feira onde os mais de 6 mil alunos do campus decidem se irão apoiar o movimento, enquanto em Jaboticabal os alunos aprovaram um indicativo de greve decisão que deve ser submetida a assembleia, ainda sem data definida.

Pauta conjunta

Além da pauta de cada campus, as três unidade protestam contra o corte das bolsas para alunos carentes e para os programas de extensão, melhor infraestrutura para os alunos e contra o aumento no custo das refeições.

Os estudantes também reivindicam melhorias na educação básica e protestam contra o Pimesp. “Mais uma vez o movimento estudantil da Unesp se coloca contra o projeto privatista de universidade do governo do Estado e das reitorias”, disse a liderança do movimento em Marília, em nota.

Segundo o movimento, a universidade, hoje, é excludente. “Os poucos estudantes de baixa renda que adentram a universidade, apesar do governo, enfrentam ainda outras dificuldades, posto que dependem de políticas consequentes de permanência estudantil, que as reitorias, por força de seu projeto de universidade, insistem em negar”, afirmam os estudantes.

Sobre o Pimesp, a argumentação é que a medida traça uma tentativa de privatização. “Por meio do Pimesp, o governo intenta segmentar a categoria discente em cotistas e não cotistas, inferiorizando os primeiros, além de implantar, em fato, um projeto de formação sequencial visando a privatização”, informou.

Outro lado

Procurada, a Unesp informou que, por intermédio da Pró-reitoria de Extensão, atua no apoio à permanência estudantil e "oferece várias categorias de bolsas e auxílio, como a Bolsa de Apoio Acadêmico e de Extensão [BAAE 1], para alunos socioeconomicamente carentes; Bolsa de Apoio Acadêmico e de Extensão [BAAE 2], para alunos vinculados a projetos de extensão universitária; além de auxílio-aluguel e subsídio alimentação, entre outras".

"No caso da BAAE 2, no começo da atual gestão da Unesp, iniciada em janeiro último, houve uma reorganização no que diz respeito à administração das bolsas dos alunos da instituição. Isso motivou o atraso em alguns pagamentos. A expectativa é que a situação esteja regularizada até o início de maio. Assim, as bolsas que usualmente eram pagas no período de dez meses, neste ano serão em nove, voltando à normalidade a partir do próximo ano".

Sobre os restaurantes universitários, a Unesp, "de comum acordo com as prioridades de cada campi, tem um cronograma de obras, no qual se inserem os restaurantes. Dentro do orçamento da instituição, esse programa vem sendo executado".

Sobre moradias, a instituição afirma que "a demanda tem sido suprida com o oferecimento de ações como auxílio-aluguel, além de outros benefícios como subsídios alimentação". A instituição não comentou se já abriu negociação com os alunos, ou se pretende fazê-lo . A Unesp desenvolve ainda ações em termos de acessibilidade e segurança nos campi. Elas serão complementadas com o desenvolvimento de um plano estratégico a médio e longo prazo, nem sobre a questão do projeto de cotas.