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Em São Paulo, 17 centros de pesquisa vão receber R$ 1,4 bi

A Fapesp anunciou os 17 novos Cepids (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) - CMDMC
A Fapesp anunciou os 17 novos Cepids (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) Imagem: CMDMC

Camila Maciel

Da Agência Brasil, em São Paulo

07/06/2013 13h24

Dezessete novos centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) foram criados esta semana no Estado paulista. Os projetos, que já funcionavam como grupos de pesquisa em universidades paulistas, foram selecionados por meio de uma chamada pública e vão receber, nos próximos 11 anos, investimentos que somam R$ 1,4 bilhão. Estudos sobre doenças degenerativas, possibilidade de cura para o diabetes e pesquisa sobre células-tronco são exemplos dos temas selecionados.

"[Esse projeto] exige dos pesquisadores uma atividade de pesquisa competitiva mundialmente, exige que essas atividades estejam conectadas com aplicações na indústria e empresas ou no governo e que esses pesquisadores trabalhem com a ideia de difundir a ciência na sociedade", explicou Carlos Brito Cruz, diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Durante o lançamento dos novos centros, o governador Geraldo Alckmin destacou que a pesquisa acadêmica pode ter um foco a curto prazo para questões emergentes e precisa projetar questões a longo prazo, por isso, um financiamento por 11 anos. "Esses dois focos se complementam. Precisamos prospectar, sobretudo porque vivemos em um mundo com constantes mudanças", declarou.

Além da capital, foram selecionados projetos em Campinas, São Carlos, Ribeirão Preto e Araraquara. A ação envolve 499 pesquisadores do Estado e 68 de outros países. Os 17 novos Cepids foram escolhidos a partir de 90 propostas encaminhadas ao comitê avaliador, que mobilizou 150 revisores brasileiros e um comitê internacional composto por 11 cientistas convidados. Entre os critérios analisados, estavam mérito científico, originalidade, competitividade e qualificação da equipe.

O projeto Cepid teve início no ano 2000, quando 11 centros de pesquisa foram formados. Eles funcionaram de 2001 a 2013. Alguns desses grupos apresentaram novos projetos nesta nova chamada e tiveram os investimentos renovados por mais 11 anos. O Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da USP (Universidade de São Paulo), é um desses centros que serão ampliados na próxima década.

O professor Sérgio Adorno, coordenador do NEV, explica que na primeira etapa do projeto foram desenvolvidos estudos com o propósito de avaliar o perfil da violência no estado. Entre as questões analisadas estavam a impunidade e as representações dos cidadãos sobre justiça e acesso a direitos.

"Tínhamos o objetivo de entender por que a democracia, apesar dos seus avanços, não logrou restituir a tranquilidade e a segurança aos brasileiros e também aqui no Estado", destacou. Uma das razões observadas no estudo "é a desconfiança que o cidadão tem na aplicação das leis e nas instituições encarregadas de aplicá-las", disse Adorno.

Foi essa percepção que apontou o caminho a ser adotado no estudo que inicia agora. "Vamos fazer um mapeamento rigoroso para entender como se dá a relação cotidiana dos cidadãos com as instituições encarregadas de aplicar as leis e promover o bem-estar social. Também vamos analisar como as instituições respondem à demanda dos cidadãos", explicou.

O professor acredita que a pesquisa poderá colaborar para a formulação de políticas na área de segurança pública. "Podemos contribuir para a melhoria dos recursos humanos desses serviços. Detectar quais são as zonas de atrito e que tipo de políticas podem ser adotadas e que conflitos podem ser resolvidos de maneira pacífica", destacou.

O trabalho do NEV receberá R$ 3 milhões por ano e contará com 40 pesquisadores. Uma parte da pesquisa será feita de forma colaborativa com pesquisadores de outros países, como Equador, Colômbia, México, Estados Unidos, África do Sul e Índia. "Vamos comparar problemas semelhantes e observar como esses problemas são enfrentados em cada país", declarou.