Prefeitura de SP quer "pagar" dívida de R$ 200 milhões com creche
A Prefeitura de São Paulo possui uma dívida de aproximadamente R$ 200 milhões em multas por não zerar a fila em creches, de acordo com a Procuradoria Geral do Município. Os números correspondem, em sua grande maioria, a ações civis públicas movidas pelo Ministério Público e dizem respeito a várias regiões da cidade.
LEIA MAIS
- Deficit de vagas em creches de São Paulo chega a 127,4 mil crianças
- Prefeitura de SP espera abrir 100 mil vagas em creches com convênios
- Com fila de 127 mil crianças em SP, pais vão à Justiça pedir vaga em creche
- Em SP, 12 mil conseguiram vaga em creche por ordem judicial em 2013
- Sem acordo, TJ marca nova audiência sobre vagas em creches em SP
- Fila da creche ganha 8.820 crianças em apenas um mês
Segundo dados da Secretaria de Educação, 127,4 mil crianças esperam por vagas em creches em São Paulo.
Uma das propostas sugeridas pela prefeitura durante a audiência de conciliação no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), realizada na segunda (2), foi a aplicação desses R$ 200 milhões - que iriam para fundos com outras finalidades- na construção de creches. A reunião ocorreu entre a prefeitura e representantes do GTIEI (Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre Educação Infantil), formado por organizações sociais, a Defensoria Pública e o Ministério Público.
“Hoje essas medidas [as multas aplicadas pela Justiça] não só são inócuas, como estão se voltando contra os interesses da população que precisa dessas vagas", afirma o procurador-geral do município, Celso Coccaro.
Para o defensor público Luiz Rascovski, a ideia ainda precisa ser melhor debatida. "Se a prefeitura formalizar essa proposta, vamos precisar estudar para ver se existe a possibilidade jurídica de abrir mão dessa receita", disse. "A sugestão foi debatida dentro de um contexto de possibilidades para viabilizar a criação de vagas, mas acho que seria um dos caminhos, caso a prefeitura se comprometa a destinar o dinheiro especificamente para essa finalidade."
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação diz que não possui um valor médio para a construção de creches no município. Para efeito de comparação, a prefeitura pretende usar R$ 200 milhões do governo federal para construir 172 unidades (sem contar o preço do terreno) – mesmo valor que deve à Justiça de São Paulo.
Da publicidade para a educação
O promotor João Paulo Faustinoni e Silva afirmou que o próprio Ministério Público tem estudado mudanças nas ações civis nos casos em que o poder público descumpre direitos assegurados. “A Justiça tem a tradição de aplicar uma multa, mas em geral ela só funciona em ações contra pessoas físicas. Quando recai sobre o cofre público, isso acaba não sensibilizando nem compelindo o prefeito”, diz.
“Então estudamos alternativas como pedir a responsabilização pessoal do prefeito e o bloqueio ou remanejamento de verbas orçamentárias”. Ele explica que, em alguns casos, o MP tem pedido que o dinheiro destinado à publicidade, por exemplo, seja transferida para a educação.
No caso de responsabilização do gestor, o ex-prefeito Gilberto Kassab já foi processado em março de 2011 por não atender à demanda de vagas na capital. O pedido de condenação de Kassab foi feito com base na Lei de Improbidade, mas foi negado em primeira instância. O MP aguarda julgamento de um recurso.
Fila
A aplicação dos recursos das multas judiciais na construção de creches faz parte de uma série de ações apresentadas pela prefeitura para tentar zerar a fila até 2016. A previsão, da prefeitura, é que 100 mil vagas sejam abertas por meio de convênios. De acordo com o secretário Cesar Callegari, outras 55 mil vagas serão criadas até o fim de 2016 com a construção de 243 creches.
O plano faz parte de uma tentativa da prefeitura de firmar um acordo e reduzir as ações na Justiça. Só nos primeiros seis meses deste ano, cerca de 12 mil crianças conseguiram vagas em creches após decisões judiciais.
O problema, dizem os representantes do GTIE, é que a secretaria ainda não apresentou um cronograma de abertura desses vagas. Um plano com novas sugestões será apresentado em uma reunião marcada para o dia 3 de outubro. Em novembro, as partes se encontrarão em uma nova audiência de conciliação na Justiça.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.