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Atenção ficou voltada para inclusão de crianças e jovens, diz Consed

Cristiane Capuchinho

Do UOL, em São Paulo

27/09/2013 17h50

Após 15 anos de queda, a taxa de analfabetismo do Brasil estagnou. Há 13,2 milhões de analfabetos entre a população com 15 anos ou mais, segundo dados da Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

O que é

O IBGE considera uma pessoa alfabetizada quando declara saber ler e escrever um "bilhete simples"

"A atenção do sistema educacional ficou muito tempo voltada para inclusão de crianças e adolescentes", avaliou Klinger Barbosa Alves, representante do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). "Os números mostram que precisamos ficar atentos a um número imenso de jovens e adultos que precisam voltar para a escola", completou. 

A pesquisa do IBGE registrou um índice de 8,5% de analfabetos em 2012 --crescimento de 0,1 ponto percentual em relação a 2011. A pesquisa mostra que na população entre 15 e 19 anos de idade, a taxa é mais baixa (1,2%). No entanto, o índice é de 9,8% para as pessoas de 40 a 59 anos e de 24,4% dentre aqueles de 60 anos ou mais de idade.

Para o secretário de educação estadual do Espírito Santo, é preciso voltar as atenções para a população adulta analfabeta, sobretudo aqueles ainda em idade economicamente ativa.

"Estamos acordando para uma população mais velha, de 30, de 40 anos que precisa de atenção. Devem ser pensados modos de atrair essas pessoas, de garantir a permanência, flexibilizar o currículo", pontua. "Quando vamos acompanhando os dados vemos que quanto mais velha é mais difícil atingir essa população."

Para especialistas consultados pelo UOL, é preciso criar políticas públicas específicas que atraiam esses adultos analfabetos e sejam capazes de mantê-los na escola. 

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Diferenças regionais e etárias

A Pnad 2012 mostra ainda que a taxa de analfabetismo tem se mostrado maior nas faixas etárias mais elevadas. Entre os que tinham de 15 a 19 anos, o índice foi de 1,2%, contra 1,6% daqueles de 20 a 24 anos; 2,8% no grupo de 25 a 29 anos; 5,1% de 30 a 39 anos; 9,8% para as pessoas de 40 a 59 anos; e 24,4% dentre aqueles de 60 anos ou mais de idade.

"O analfabetismo tem endereço. Sabemos onde está localizado e em que tipo de população ele está localizado. É uma população mais velha, um estoque de pessoas que ainda não se alfabetizaram", afirmou a gerente da pesquisa do IBGE, Maria Lúcia Vieira.

Entre as regiões, o Nordeste é a área que concentra 54% do total de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever. Por outro lado, o Nordeste foi a região que apresentou a melhor evolução nos últimos oito anos: redução de 5,1%.

As regiões Nordeste e Centro-Oeste foram as únicas que registraram crescimento do número de analfabetos na comparação entre os anos de 2011 e 2012. A região Sul, por sua vez, é a que possui a menor taxa de analfabetismo (4,4%).

Governo federal

Para a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, não se pode falar em aumento do analfabetismo. “Nossa avaliação é que não houve aumento da taxa de analfabetismo, e sim que ficou estável e que temos de continuar avançando”, disse nesta sexta-feira (27), no Palácio do Planalto. 

Em nota o MEC (Ministério da Educação) afirmou monitorar os dados de evolução do analfabetismo e afirma não ser possível falar em crescimento do índice. O MEC diz ainda que "dará continuidade aos esforços no sentido de romper com o ciclo de produção do analfabetismo"