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Internet foi destaque no Enem 2013; exame teve questões sobre tema e 36 desclassificados por vazar fotos

Do UOL, em São Paulo

28/10/2013 00h04Atualizada em 31/10/2013 17h54

Em sua 16ª edição, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) teve na internet seu grande destaque. Ela foi tema de algumas questões da prova do domingo e foi também o ambiente de divulgação do tema da redação, além dos  "recados" da presidente Dilma Rousseff aos inscritos e aos colaboradores do exame.

Foi por causa da internet, mais especificamente pelas redes sociais, que 36 inscritos no Enem foram desclassificados até o final do domingo (27). Apesar de reiterados avisos dos organizadores do Enem, eles publicaram imagens da prova e de cartões de resposta durante o período do exame.  MEC (Ministério da Educação) e Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) afirmam que se outros casos forem descobertos, as mesmas providências serão tomadas.

Durante a entrevista coletiva de balanço do Enem 2013, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) comentou o caso de um radialista que foi detido em Minas Gerais. Ele teria tentado fotografar algumas questões para provar a fragilidade da segurança. Na opinião de Mercadante, a detenção é prova de que a logística da prova funciona.

Prova antenada

Mais de 5 milhões de inscritos fizeram as provas com 180 perguntas e uma redação no final de semana dos dias 26 e 27 de outubro -- e entre as questões, pelo menos oito traziam a discussão em torno da internet, das novas tecnologias e das mídias digitais. Exemplos disso são as questões: 104 (sobre novas tecnologias), 113 (sobre a escrita e a informática), 115 (sobre hipertexto), 123 (sobre internet e o chamado comércio da distração), 125 (sobre uso social da tecnologia), 130 (sobre as buscas na internet), 131 (sobre cyberbullying), 135 (sobre sistemas de comunicação, que incluem a internet)A numeração das questões corresponde ao caderno amarelo.

E era para o Twitter e para o Facebook, redes sociais, que os estudantes corriam antes das provas para dividir as tensões e após os exames para comentar o resultado. Os temas #Enem, #Lei Seca ficaram entre os assuntos mais comentados no Twitter que dispõe de um ranking dessa natureza. Estudantes e inscritos também usaram o Twitter para confundir sobre a prova e o MEC teve que desmentir mais de uma "brincadeira" feita dias antes do exame -- na quarta, o MEC veio a público para dizer que um gabarito circulando pelas redes era falso. Na sexta, o MEC teve que negar o boato do Enem cancelado.

Outra brincadeira dos internautas com o Enem é a criação da hastag #AprendiNoEnem. Com essa marcação, é possível localizar os comentários sobre a prova -- na maioria das vezes, são piadas feitas por inscritos na prova. "#AprendinoEnem que Bacon é um filósofo e não uma comida gordurosa" é um desses tuítes.

Foi também pelas redes sociais -- pelas contas oficiais do Twitter -- a divulgação do tema da redação. Alguns minutos após o fechamento dos locais de prova (às 13h), o MEC e o Inep divulgaram que os inscritos do Enem iriam escrever sobre “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil” num tuíte do MEC, "a partir de leitura dos textos motivadores apresentados no exame" em um tuíte complementar do Inep.

No manhã de sábado, antes de começar a prova, a presidente Dilma Roussef passou pelo Twitter para desejar boa sorte e acalmar os inscritos no Enem. "Confie em si mesmo. O Brasil confia em você. Boa sorte! #Enem2013", foi uma das mensagens publicadas pela presidente. Especialistas dizem que essa "presença" nas redes sociais faz parte de um plano maior, para Dilma reconquistar sua popularidade arranhada nos protestos de junho. Seja como for, tanto os inscritos no Enem quanto os colaboradores na aplicação da prova receberam o carinho da presidente.

Atrasados

Como nos vestibulares, uma cena clássica do Enem são os candidatos se lamentando em frente ao portão fechado. Os locais de prova devem fechar suas portas pontualmente às 13h.

Neste ano, houve pelo menos um relato de que os portões haviam sido fechados antes das 13h. Cerca de 100 candidatos que fariam o segundo dia de provas do Enem ficaram para fora em Minas Gerais-- 40 deles registraram boletim de ocorrência.

Ocorrências

Neste ano, chamou a atenção um problema com inscritos direcionados para fazer a prova como sabatistas -- por motivos religiosos, eles só fazem a prova após as 18h no primeiro dia e fazem o exame com todos os outros inscritos no domingo. Enquanto não chega o horário, eles esperam dentro do local de prova, sem comunicação para que se preserve o sigilo da prova. No Piauí, 18 candidatos identificados como sabatistas desistiram de fazer a prova, por não poderem ou não quererem esperar para fazer o Enem. Em Curitiba, uma grávida diz ter pedido atendimento especial, mas que havia sido incluída como sabatista.

Candidatos transexuais relataram ter passado por momentos de constrangimento neste final de semana durante as provas do Enem 2013. As estudantes contaram que tiveram que passar por rigorosa fiscalização de seus documentos, com mais de um fiscal, e ser obrigados a usar o banheiro de gênero diferente daquele com o qual se identificam. 

Algumas questões do Enem ficaram "famosas". No primeiro dia de prova, uma pergunta de química citava uma estrutura em formato humano, seu nome é Nanokid. Além de figurar entre as piadas do "AprendiNoEnem, a questão ganhou releitura nas redes sociais. Era a 77 da prova amarela

No caso da questão 35 (prova amarela), a fama não lhe caiu muito bem. Ela trazia uma charge com as grafias da época e a palavra "gazolina" logo virou assunto das redes sociais.

Por fim, houve um certo ruído ao redor de uma questão de biologia. Ela trazia uma figura clássica de biologia, que já havia sido utilizada em uma prova da Fuvest em 2007. Para Alex Sander Barros, coordenador do curso Poliedro, o fato do Enem ter se baseado nessa imagem não tira o mérito da questão: "A questão é boa e o tema importante para a história da medicina. É uma questão válida". 

As provas do Enem, de modo geral, estão mais conteudistas na área de exatas segundo professores de cursinho ouvidos pelo UOL. No caso das humanas, a tendência de interdisciplinaridade se mantém.