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Pai pode ajudar o filho a fazer a lição de casa? Veja mitos e verdades

Marcelle Souza

Do UOL, em São Paulo

03/04/2014 05h00

Depois da maratona para escolher a escola dos filhos, os pais entram em uma nova fase de dúvidas: como ajudar a criança com a lição de casa? Em primeiro lugar, dizem as especialistas consultadas pelo UOL, os pais devem entender a importância dessa atividade para o estudante, especialmente os que estão nos primeiros anos do ensino fundamental.

“A família precisa valorizar a lição de casa, mostrar interesse, deixar a criança falar sobre como foi o dia dela na escola. Nunca usar termos para desmerecer, dizer que a lição é uma coisa chata, um sacrifício, que a família não pode sair porque a criança tem tarefa para fazer”, afirma Marcia Almirall, orientadora do 3º ano do ensino fundamental do Colégio Santa Maria.

Em seguida, os pais devem descobrir qual é o melhor horário para fazer a lição de casa. Especialistas dizem que a hora varia muito de acordo com a rotina da família, mas é indispensável que um adulto esteja presente para acompanhar a criança. 

“A hora de fazer a lição deve virar uma rotina para a família. É algo que deve acontecer de preferência no mesmo horário todos os dias. Não deve ser muito tarde, porque a criança está cansada e não rende”, diz Sueli Conte, diretora e psicopedagoga do Colégio Renovação.

Decidido o melhor horário, é preciso escolher um local bem iluminado, confortável e silencioso para a criança fazer a tarefa. Os pais devem desligar a televisão, o computador e evitar espaços em que outras crianças estejam brincando –tudo para não desviar a atenção dos estudantes.

Desse modo, as especialistas dizem que vale usar a mesa de jantar ou da cozinha, um escritório ou a escrivaninha do quarto criança. Não importa o lugar escolhido, todos os materiais escolares devem estar ao alcance do estudante, o que evita passeios pela casa e a distração na hora de fazer os exercícios.

A partir daí, os pais devem se fazer presentes, mas nada de sentar ao lado da criança e ficar ali do início ao fim dos exercícios. Deixá-la sozinha também é prejudicial. O ideal é ficar atento ao que o estudante está fazendo e estar acessível caso a criança queira ajuda. “Os pais precisam estar presentes para que a criança sinta que tem um apoio, que aquilo é importante”, diz Almirall.

Corrigir a lição?

Para Adriana Iassuda, coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia, nesse momento os pais devem tentar auxiliar a criança, mas nunca resolver o exercício em seu lugar. “Muitas vezes os pais acham que a lição deve voltar para a escola totalmente correta, e acabam resolvendo pelo filho ou extrapolando nas explicações. Cuidado, pois isso pode resultar em mais dúvidas ou mascarar uma dificuldade significativa”, explica.

No caso das crianças que estão em fase de alfabetização, os pais podem mostrar a grafia correta, mas isso não deve se tornar um hábito. Segundo Iassuda, uma boa dica é questionar: “Qual é a letra que você acha que usamos?” ou “Como você acha que se escreve?”.

Se as dúvidas são de matemática, por exemplo, os pais não devem ensinar a maneira como aprenderam a fazer determinada conta –o que pode confundir ainda mais a criança. “O certo não é explicar do jeito dele, mas tentar ajudar o filho a buscar, dentro dos seus próprios conhecimentos, a resolução do problema”, afirma Almirall.

Os pais ainda precisam ficar atentos à duração da tarefa: crianças de 7 a 8 anos devem demorar em média entre uma hora e uma hora e trinta minutos. Se o estudante dedica mais ou muito menos tempo para os exercícios, os pais devem observar a rotina do filho (se ele levanta muitas vezes, se o ambiente é adequado, se um adulto está por perto) e procurar a escola para conversar sobre o rendimento do aluno e as exigências pedagógicas.

A quantidade de lição que uma escola passa não demonstra se a criança aprendeu ou não. Por isso, os pais devem conversar com o professor, com o coordenador e conhecer o projeto pedagógico da escola”, diz Conte.