De SP aos EUA, alunos de escola pública viajam pelas raízes negras
Apesar da grande presença negra na escola municipal Vereador Antonio Sampaio, os alunos reclamavam de racismo no ambiente escolar. Foi após uma conversa com jovens do ensino fundamental e médio sobre preconceito que o professor Luiz Fernando Costa começou a trabalhar identidade e cultura africana.
O que começou com as aulas de informática acabou com a oportunidade de um intercâmbio cultural com estudantes negros dos Estados Unidos. Desde setembro, dez estudantes de 15 a 17 anos da zona norte de São Paulo e outros oito alunos norte-americanos de escola pública fazem parte do projeto "Uma Jornada pela Diáspora Africana" (em tradução livre), parceria entre o Consulado dos EUA, o Museu Afro-Americano Prince George o o Museu Afro Brasil.
A jornada dos brasileiros inclui aulas de história da África, cultura africana, cultura norte-americana e de inglês. Nos EUA, os jovens estudavam além da história africana, cultura brasileira e português.
Em busca das raízes negras, os estudantes passaram a conhecer melhor a cidade de São Paulo, seu país e eles mesmos. "Antes eu achava que ser negro era só uma cor de pele. Hoje eu sei que há uma história, há uma cultura específica e até palavras do português que têm essa origem. Hoje eu tenho orgulho de ser negra", conta a brasileira Valéria dos Santos Rodrigues, 15.
Na escola, as coisas também melhoraram. Valéria conta que em outras aulas orienta os colegas quando falam alguma coisa preconceituosa e acha que o racismo diminuiu.
Para a brasileira Alexandra da Silva, 16, a praça da Liberdade e a igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, no centro da capital, foram uma grande descoberta. "A gente fala sempre da imigração japonesa para São Paulo, acha que aquele é um lugar de orientais, mas lá era a praça em que eram enforcados os escravos. Temos nossa história lá."
Mais similaridades que diferenças
Os jovens norte-americanos passaram esta semana no Brasil. Em maio, será a vez dos brasileiros conhecerem Maryland e a cultura de seus colegas. Na troca de experiências e histórias de descendentes da escravidão negra, os jovens encontram mais similaridades que diferenças.
"Não sabia da importância que a escravidão tinha tido aqui no Brasil também. A forma pode ter sido diferente, mas acho que temos muito em comum na cultura, na música e nas artes", diz a estudante norte-americana Naima Shaw, 16, que já pensa no que vai mostrar nos EUA aos colegas de São Paulo.
Em uma mistura de inglês, gestos e português, os adolescentes brasileiros e americanos se entendem nas risadas e na vontade de divulgar os novos conhecimentos.
"Tudo que estou aprendendo conto para meus pais, meus amigos, meus vizinhos, para todo mundo que eu encontro. Precisamos aprender mais sobre a cultura africana", afirma a jovem dos EUA Bryanna Rather, 16.
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