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Mulheres ocupam apenas 14% dos altos cargos nas faculdades ibero-americanas

Bruna Souza Cruz*

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/07/2014 08h05

A presença feminina nos cargos de alta hierarquia representa apenas 14% nas instituições da comunidade ibero-americana.  José Narro, reitor da Unam (Universidade Nacional Autônoma Do México), afirmou que o número de mulheres que passam pelo ensino superior vai diminuindo à medida que os níveis hierárquicos vão aumentando.

"Nesses países [ibero-americanos] as mulheres são quase 60% dos universitários e, em média, conseguem até se sair melhores nos resultados. Mas essa participação vai diminuindo. 50% ocupam vagas no doutorado, 30% [estão nos cargos de] professores e 14% são catedráticos, de alta hierarquia", disse durante o 3° Encontro Internacional de Reitores Universia, realizado nesta segunda e terça (29), no Rio de Janeiro.

Soraya Soubhi Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo, concorda que há um grande lacuna sobre esse problema, principalmente no Brasil. A professora destacou que ainda hoje ouve pessoas comentando sobre sua capacidade de administração de uma universidade federal por ser mulher. A docente assumiu o cargo no ano passado.

"De 63 federais, 18 reitoras são mulheres. Por aí, já e possível ver a grande distância e diferença de gêneros nos cargos mais altos", disse. "Mas esse quadro vai mudar. Hoje as mulheres estão arriscando mais. Não que elas não fossem capazes antes, mas agora elas estão de colocando melhor. Estão mostrando que são capazes", acrescentou Soraya.

O que poderia ser feito

Como medidas para solucionar, ou pelo menos diminuir essa distância crescente da ocupação feminina na hierarquia acadêmica, alguns reitores sugeriram criar modelos mais flexíveis de trabalho para que as mulheres consigam conciliar sua vida universitária com a familiar.

"Esse é um modelo único de trabalho que há séculos não se muda. Nós temos que encontrar formas para ter flexibilidade. É preciso permitir que as mulheres saiam e retornem dentro da educação superior", comentou Peter Salovey, reitor da universidade de Yale.

"Não é apenas uma questão de discriminação feminina. Precisamos nos concentrar também no apoio a família dessas mulheres. Na universidade de Heildeberg [instituição alemã] temos apartamentos para os alunos residirem com a família. Damos esse tipo suporte e eles conseguem desenvolver seus trabalhos", disse reitor da universidade Bernhand Eitel.

*A jornalista viajou a convite da organização do 3° Encontro Internacional de Reitores Universia